A partir de texto de José Ribeiro do Valle
Carlos da Rocha
Fernandes nasceu no Rio de Janeiro em 1 de fevereiro de 1891. Fez o curso
primário no Colégio Salesiano Dom Bosco, em Ouro Preto; o curso secundário no
Colégio Salesiano Santa Rosa, em Niterói. Cursou a Faculdade de Medicina de
Medicina do Rio de Janeiro, formando-se em 28 de dezembro de 1911. Em 1912,
passou a dirigir o Hospital da Laguna, em Santa Catarina. Regressou ao Rio de
Janeiro e fez concurso, em 1915, para o Corpo de Saúde do Exército. Integrou a
Comissão Militar, junto ao exército francês, durante a Primeira Guerra Mundial.
Em 1920, foi eleito membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio
de Janeiro.
Em 1921, após
concurso público, foi nomeado professor catedrático de Português e Francês do
então recém-criado Colégio Militar de Fortaleza, onde lecionou por dois anos.
De novo no Rio de
Janeiro, dirigiu, por vários anos, o serviço de Obstetrícia na Pró-Matre como
assistente do Professor Fernando Magalhães. Data desta época a sua monografia De jure vitae nesisque, contra o aborto,
a fim de concorrer ao Prêmio Madame Durocher e que tanta celeuma despertou nos
meios médicos da época. Em 1925 deixou a chefia da Cirurgia do Hospital Central
do Exército. De 1926 a 1929 trabalhou em Uberaba, onde instalou e dirigiu a
Casa de Saúde São Geraldo. Após transferir sua residência para São Paulo,
reorganizou e dirigiu os Serviços de Radiologia e Fisioterapia do Hospital da Beneficência
Portuguesa. Foi eleito sócio da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo e
nomeado interventor da Cruz Vermelha pelo Órgão Central, em 1932.
Em 1933 fez parte
dos médicos fundadores da Escola Paulista de Medicina, resignando, em 1936, da
regência da Cadeira de Física Médica. Nesse mesmo ano foi convidado e nomeado
médico do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, para organizar e instalar o
Departamento de Radiologia e Fisioterapia de seus serviços médicos, em cuja
direção esteve até fins de 1963.
Carlos Fernandes é
autor de vários trabalhos e monografias esparsas em revistas científicas.
Colaborou em vários jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo, com artigos sobre
ensino e a medicina, questionando o que ocorria nessa época como curandeirismo.
Colaborou com Armando Salles de Oliveira na fundação da Universidade de São
Paulo.
O autor do texto
em que nos baseamos, Prof. Ribeiro do Valle, assinalou que Carlos Fernandes era
profundo conhecedor de Grego e de Latim; diz também que em 10 de julho de 1973,
de seu retiro na Ilha do Governador, Carlos Fernandes lhe respondeu, ao ser
indagado sobre a Escola Paulista de Medicina em seus 40 anos: “Para que
lembrar-me de mim? Estou com 82 anos... Por que sacudir-me a memória em busca
de um passado já longínquo?... Sua atitude me fez relembrar o verso de Virgílio
no segundo canto da Eneida: Infandum,
regina, jubes renovare dolorem... (insuportável ó rainha, a mágoa que me
convida a reviver)” E quanto à Escola Paulista de Medicina ele escreveu: “Essa
criança que assisti ao nascer não teve o meu desvelo. Faltei. Fico apenas a
contemplá-la de longe, cheia de encantos, de brilho, rodeada de plêiade excelsa
de grandes profissionais que a ampararam e lhe dão vida faustosa... Isso me
alegra e consola. Miro-a de longe e lhe desejo sempre um ridente futuro, como
se deseja aos filhos de um grande amor”.
Fonte bibliográfica: Valle, José Ribeiro do - Carlos da Rocha Fernandes in A Escola Paulista de Medicina - Dados Comemorativos de seu 40º Aniversário (1933-1973) e anotações recentes. Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1977, São Paulo, pgs. 50-52.