Nasceu na cidade
de Jaú, aos 11 de março de 1896. Filho do Dr. Estevam de Oliveira Pinto, médico
clínico da referida cidade, e de Dona Eudóxia Costa de Oliveira Pinto, ambos
naturais da Bahia.
Com a mudança da
família, em 1905, para a cidade de Salvador, ali concluiu o curso de primeiras
letras, matriculando-se, depois, no então Ginásio da Bahia, onde, em 1912,
obteve o diploma de Bacharel em Ciências e Letras. A partir de então, dedicou-se
ao ensino particular da História Natural e ciências correlatas, de conformidade
com sua inclinação, muito cedo revelada, por esses estudos, pois, desde o
período ginasial, num pequeno jornal estudantil intitulado “A Luz”, publicou
seus primeiros ensaios no campo das letras, com diversos artigos sobre assuntos
de sua predileção.
Como na Bahia, na época,
não havia curso voltado para a História Natural, ou algo similar, matriculou-se
em 1916 na Faculdade de Medicina da Bahia, vindo a formar-se em 1921. Na
ocasião, o formando deveria desenvolver uma tese para ser doutor em medicina.
Sua tese teve o título “Sobre o valor do líquido cefalorraquiano no diagnóstico
da sífilis nervosa”; assunto esse relacionado com a cadeira em que por dois
anos se havia exercitado como interno no Hospital Santa Isabel.
Ao concluir o
curso médico, pretendia candidatar-se a uma das cátedras da Faculdade de
Medicina da Bahia, prestes a vagar-se. Mas, por motivo de saúde, mudou-se para
o Estado de São Paulo. No noroeste paulista fez curtos estágios em diferentes
localidades. Em 1922, em Araraquara, passou a exercer a atividade de médico
interno da Santa Casa da cidade e professor de Ciências Naturais na Escola de
Odontologia e Farmácia, que acabava de ser fundada nesse local. Como Araraquara
ainda não possuísse laboratório de Análises Clínicas, conseguiu a instalação de
um desses serviços em anexo à Santa Casa, assumindo sua responsabilidade.
Em 1924 casou-se
com Alice Alves de Camargo.
Em começos de
1928, transferiu sua residência para a cidade de São Paulo, pensando em abandonar
a medicina clínica e dedicar-se ao laboratório ou à investigação científica em
algum campo das ciências biológicas. Desse modo, exerceu, por alguns meses, o
cargo de desenhista técnico no Instituto Butantã. Em 1929, ingressou no Museu
Paulista como Assistente da Secção de Zoologia, cargo que a princípio exerceu
interinamente, em substituição ao seu titular efetivo, Dr. Afrânio do Amaral,
então comissionado nos Estados Unidos.
Nesse contexto,
tomou parte na fundação da Escola Paulista de Medicina, na qual, durante vários
anos, teve a seu cargo a cadeira de Zoologia do curso pré-médico.
No Museu Paulista,
então dirigido por Afonso Taunay, ocupou-se, de início, com os Mamíferos,
contribuindo com um estudo monográfico sobre os Sciuridas (esquilos) brasileiros, que foi publicada no tomo XVII da
Revista dessa instituição. Pouco depois, voltou-se para a Ornitologia, com o
projeto de completar a exploração metódica das diferentes regiões do Brasil a
esse respeito. Dessa forma, excursionou em sertões de diversos estados
brasileiros: São Paulo (1931), Goiás (1934), Mato Grosso (1931), Bahia
(1932-33) e Pernambuco (1939). Sua efetivação no cargo de Assistente ocorreu em
1936, depois de concurso público de títulos e provas.
Em janeiro de
1939, com a emancipação da Seção de Zoologia do Museu Paulista, que passara a
denominar-se Departamento de Zoologia da Secretaria da Agricultura, foi chamado
a exercer, em caráter efetivo, o cargo de Chefe da Divisão de Aves, em cuja qualidade
foi pouco depois comissionado Diretor interino da nova instituição. Efetivado
no cargo em 1941, prosseguiu seus trabalhos zoológicos, com novas excursões,
coletando novos materiais, constando seus trabalhos em publicações dos “Arquivos
de Zoologia” e em “Papéis Avulsos”, periódicos editados por essa instituição,
criados e editados por ele.
Além desses e
outros trabalhos, até sua aposentadoria, em 1956, publicou, com ilustrações, um
“Catálogo de Aves do Brasil”. Também tem entre seus trabalhos: “Estudo Crítico
e Catálogo Remissivo das Aves do Território de Roraima”, a tradução comentada
de “Reise nach Brasilien”, do Príncipe
Maximiliano de Wied Neuwied, a versão dos estudos de M. H. Lichtenstein sobre a
parte zoológica da Historia Naturalis
Brasiliae, de Marcgrave e Piso, acrescida de minuciosa biografia do autor,
e o histórico das expedições de coleta realizadas durante “Cinquenta Anos de Investigação
Ornitológica”, no volume IV dos Arquivos de Zoologia.
Quando do texto
escrito por Afrânio do Amaral sobre Olivério, na década de 1970, estava em
curso a publicação de um tratado sucinto e ilustrado de “Ornitologia
Brasiliense”, cujo primeiro volume já estava publicado sob o patrocínio de
Paulo E. Vanzolini, então diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São
Paulo.
Além disso, Olivério
contribuiu para “As Ciências no Brasil”, de Fernando de Azevedo, com o capítulo
de “Zoologia no Brasil” e com dois capítulos na “História Geral da Civilização
Brasileira”, publicada sob a direção de Sérgio Buarque de Holanda. Também tem
alguns trabalhos em colaboração com seu assistente Eurico A. de Camargo.
Entre seus títulos
e distinções foi: Membro Honorário da American Ornithologists Union e da
Linnean Society de New York, Membro Estrangeiro da British Ornithologists
Union, Membro Correspondente da Academie Internationale d’Histoire des
Sciences, da Academy of Natural Sciences of Philadelphia, do American Museum of
Natural History e da Sociedade Ornitológica del Plata.
Olivério Mário de
Oliveira Pinto é considerado o “pai da ornitologia brasileira”. Sua obra superou
a de todos os outros que estudaram aves no Brasil. Em 1931 descreveu um caso de
albinismo em perdiz. Sua obra “Catálogo das Aves do Brasil tinha 1226 páginas
em dois volumes, um verdadeiro marco. Em 1950 resdescobriu a arara-azul-de-Lear
entre Pernambuco e Bahia e em 1952 redescobriu o mutum-de-Alagoas. Descreveu dezenas
de novas espécies e 62 novas subespécies de aves.
Além de tudo isso,
escrevia a maioria de seus trabalhos à mão e conhecia a Língua Portuguesa e o
Latim profundamente.
Em 1979 publicou
seu último livro “A Ornitologia através das Idades (século XVI a século XIX)”.
Nesse ano contraiu uma virose que prejudicou sua visão, de modo que interrompeu
sua produção científica.
Aos 85 anos, em
viagem ao interior de São Paulo, ficou doente e foi internado em Piracicaba,
onde faleceu em 13 de junho de 1981.
Sua biografia, uma
lista de todas as suas publicações, uma relação das espécies e subespécies por
ele descritas, foi feita por H. Nomura em Ciência e Cultura, 36 (7): 1235-42,
1994.
Fontes bibliográficas:
1 – Amaral, Afrânio – Olivério Mário de Oliveira Pinto in A Escola Paulista de Medicina – Dados
Comemorativos de seu 40º Aniversário (1933-1973) e Anotações Recentes. Por José
Ribeiro do Valle. Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1977, páginas
130-133.
2 - Alvarenga, Herculano M. F. – 1896-1996 – Centenário de
Olivério Pinto: “O Pai da Ornitologia Brasileira” in Atualidades Ornitológicas (74) 11.
Acessado em http://www.ao.com.br/ao74_11.htm