Francisco Franco
da Rocha nasceu em Amparo, na então Província de São Paulo, em 23 de agosto de
1864. Conforme citação bibliográfica antiga “era filho único de um homem pobre,
mas de família antiga e conceituada daquela cidade e aprendeu as primeiras
letras num colégio dali”. Por um tempo ajudou os pais na lavoura, com a finalidade
de custear seus estudos na Capital de São Paulo, onde estudou no Colégio Morton,
juntamente com Arnaldo Vieira de Carvalho, Vicente de Carvalho, Carlos de
Campos e Paulo de Moraes Barros. Aos 17 anos iniciou os então chamados “preparatórios”,
terminando-os no Rio de Janeiro em 1885, entrando, a seguir, no Curso Médico.
Em dezembro de 1890, recebeu o diploma de Medicina. Durante o curso,
interessou-se pelo campo psiquiátrico. Foi nomeado interno da Clínica de Moléstias
Mentais da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e, no sexto ano, interno da
Casa de Saúde do Dr. Eiras.
Em virtude de sua
intenção de trabalhar em São Paulo, recusou convites do Professor Teixeira
Brandão, o primeiro psiquiatra do Brasil, para ficar no Rio, onde seria designado
substituto na Faculdade. Recusou também a oferta de Carlos Eiras para trabalhar
na Casa de Saúde. Após chegar a São Paulo, começou a escrever no jornal Correio
Paulistano e no jornal O Estado de São Paulo, onde propôs a
organização do serviço público de assistência aos pacientes alienados, de
acordo com os então chamados “modernos métodos” de tratamento psiquiátrico, que
incluíam laborterapia. No governo de Cerqueira Cesar, foi nomeado médico do
Hospício de São Paulo, quando começou seus trabalhos em torno da criação do Juquery.
Para aprofundar-se
no conhecimento de sua especialidade, Franco da Rocha estudou Inglês e Alemão,
além do então habitual Francês, fazendo também citações de textos científicos
no original em Italiano e Espanhol, em seus escritos. Isso o manteve sempre a
par e passo com as novidades científicas, conforme se observa em seus artigos e
livros. Escreveu para os Archivos de Psychiatria de Buenos Aires, a
pedido do famoso psiquiatra Ingenieros. Escreveu para os Annales Medico-psychiatriques
de Paris, órgão da Sociedade Médica Psicológica Francesa, da qual se tornou membro.
Escreveu para o Algemeine Zeitschrift de Berlim. Contribuiu para o Tratado
Internacional de Psicopatologia, publicado antes da Primeira Guerra
Mundial.
Em 1918, foi
contratado para ser o primeiro professor a reger a Cadeira de Clínica Psiquiátrica
e Moléstias Nervosas da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. Exerceu
esse cargo até 22 de outubro de 1923, quando se aposentou do Serviço Público.
Em 1927 fundou a Sociedade Brasileira de Psicanálise, juntamente com Durval
Marcondes e outros. Foi o primeiro no Brasil a escrever livro sobre a doutrina
de Freud em 1919-1920, que atualizou em 1930. Nos últimos anos de vida estudou
a obra de Carl Gustav Jung e escreveu sobre estudos em Ornitologia. Faleceu em
1933.
Deixou como
sucessores: Enjolras Vampré, fundador da Neurologia paulista; Antonio Carlos
Pacheco e Silva, seu sucessor no Juquery, depois Catedrático de Psiquiatria;
Durval Marcondes, pioneiro na Psicanálise no Brasil; indiretamente, Osório César,
pioneiro no estudo da Arte e Psiquiatria no Brasil.
Quando Franco da
Rocha fundou o Juquery, ele era uma instituição modelo, onde se empregava laborterapia
e arteterapia. O Juquery ficou tornou-se mal falado principalmente após 1937,
com a instalação da ditadura getulista, quando dobrou subitamente o número de
internados nessa instituição.
Fonte bibliográfica:
Neves, AC – O Emergir do Corpo Neurológico no Corpo Paulista:
Neurologia, Psiquiatria e Psicologia em São Paulo a partir dos periódicos
médicos paulistas (1889-1936). Editora Livraria Companhia Ilimitada, 2010.