Nesta fotografia, o Prof. Dr. Octavio de Carvalho, fundador da Escola Paulista de Medicina, discursa diante de seu próprio busto, que foi elaborado, esculpido, pelo Prof. Dr. Marcos Lindenberg. Ambos foram diretores da Escola Paulista de Medicina. Esse busto ficava no pátio interno da EPM e agora se encontra na entrada do Edifício Octavio de Carvalho, à Rua Botucatu, 740.
sábado, 25 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Biografia de Marcos Lindenberg
Baseada em texto de Silvio J. Pinto Borges
Marcos Lindenberg
nasceu em Cabo Frio, Estado do Rio de Janeiro, em 27 de março de 1901. Estudou
o primeiro grau na Escola Americana e no Colégio Mackenzie. Fez o segundo grau
no Ginásio do Estado de São Paulo. Em 1918 ingressou na Faculdade de Medicina e
Cirurgia de São Paulo, atual Faculdade de Medicina da USP, que cursou até o
quinto ano, quando transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Praia
Vermelha, no Rio de Janeiro, onde defendeu tese e diplomou-se em 1923.
Em 1920 foi
nomeado aluno-preparador das cadeiras de Anatomia e Histologia, nas quais
iniciou sua formação científica sob a orientação de Alfonso Bovero. Deve sua
iniciação no campo da Patologia, ao qual dedicou toda sua atividade
profissional e docente, a Oscar Klotz, de quem foi aluno-assistente na cadeira
de Anatomia Patológica e a Alexandrino Pedroso, com quem estagiou no
Laboratório Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em
Microbiologia e Imunologia. Ainda estudante do sexto ano, fixou-se em Campinas,
onde organizou e dirigiu o laboratório de análises do Instituto Oftalmológico
Penido Burnier e o de Patologia Clínica do Hospital do Circolo Italiani Uniti,
hoje [nos anos 1970] Casa de Saúde de Campinas. Nessa cidade, e com a
colaboração de Vicente Baptista, promoveu a fundação da Associação Médica de
Campinas. Retornou a São Paulo em 1929, reinstalando seu serviço de análises e
pesquisas clínicas, cujas atividades suspendeu em 1951 para espontaneamente
dedicar-se ao ensino em regime de tempo integral.
Comissionado pela
Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, integrou em 1932, durante a
Revolução Constitucionalista, a Primeira Formação Sanitária de Profilaxia de
Campanha, para a qual instalou e dirigiu, em Cruzeiro, um hospital de
emergência para moléstias infecciosas.
Sua experiência no
domínio da Patologia Clínica foi amplamente aproveitada. Organizou e chefiou o
laboratório do Sanatório Esperança. Na Escola Paulista de Medicina, em
instalações provisoriamente anexas à sua Cadeira e mais tarde transferidas para
o Pavilhão Maria Thereza de Azevedo, encarregou-se do serviço de laboratório
para as primeiras enfermarias de ensino ali localizadas. Posteriormente,
construído o atual Hospital São Paulo, e já então com a valiosa colaboração de
seu jovem assistente João Marques de Castro, planejou o Laboratório Central
que, sob a chefia desse saudoso companheiro, haveria de constituir-se em ativo
centro de ensino e pesquisa. Em 1950 foi convidado pela Universidade Federal da
Bahia para reinstalar, atualizar e dirigir o Laboratório do Hospital das
Clínicas de sua Faculdade de Medicina onde permaneceu dois anos, desenvolveu
pesquisa e organizou cursos de formação de técnicos de laboratório. Nessa
ocasião, a convite de Pernambuco, colaborou no planejamento dos laboratórios do
Hospital das Clínicas de Recife.
Quando, em 1933,
teve Octavio de Carvalho a iniciativa de fundar em São Paulo uma segunda
faculdade de ensino médico, Marcos Lindenberg com ele colaborou decididamente e
desde os primeiros passos para a realização do projeto. Fundada a primeiro de
junho de 1933 a Escola Paulista de Medicina, a ela dedicou sempre acendrado
amor e o melhor de seus esforços; regeu a cadeira de Patologia Geral, que
assumira como professor fundador, até outubro de 1964, quando se aposentou; foi
membro do Conselho Técnico Administrativo em vários períodos; em 1959 foi
nomeado diretor da Escola, cargo para o qual foi reconduzido em 1962 e que spo
deixou em janeiro de 1964; integrou bancas examinadoras de concursos para
professor catedrático nas universidades de Belém do Pará, do Recife, de Belo
Horizonte, da Bahia e de Curitiba. Em 1963, por delegação do Ministério da
Educação, participou dos trabalhos para a instalação em São Paulo de uma
universidade federal; este empreendimento, que vinha de encontro a uma legítima
aspiração da Escola Paulista de Medicina, qual seja a de integrar uma
organização universitária, foi interrompido pelos acontecimentos políticos de
março de 1964. Decorrido mais de um decênio [anos 1970] desde aquela época
prenhe de incompreensões e radicalismos é forçoso reconhecer a elevação de
propósitos no empenho de conseguir integrar a Escola Paulista de Medicina numa
Universidade Federal em São Paulo. Esta aspiração, infelizmente, não pôde ainda
ser concretizada.
A formação
científica e profissional de Marcos Lindenberg fez-se com base em cuidadosa
preparação geral e humanística, desenvolvida desde a juventude pelo contato
permanente que manteve com o meio intelectual e artístico de São Paulo, que
frequentou assiduamente como membro de suas mais expressivas associações
culturais e das quais se aproximou através de seus estudos de piano, iniciados
aos 13 anos de idade.
Dedicou-se também
à escultura sendo de sua autoria dois trabalhos em bronze, que doou à Escola:
uma efígie de Álvaro Lemos Torres e o primoroso busto de Octavio de Carvalho,
que compõe o monumento ao fundador da instituição e que se encontra em seu
pátio interno [atualmente encontra-se à entrada do Edifício Octavio de Carvalho
da Escola Paulista de Medicina].
Refletiram-se
marcadamente em sua atuação como educador os ensinamentos humanísticos com que
assim enriquecera e completara sua formação para além dos campos da medicina.
Insurge-se, por isso, contra o ensino e a prática dessa nobre profissão quando,
a favor de uma tecnologia que aproveita apenas ao organismo físico, é esquecida
a pessoa humana que nele vive, sente e sofre; e propõe que os cursos médicos
condicionem e mesmo estimulem a cultura geral do futuro profissional que, assim
preparado e sensibilizado, não deixará de oferecer ao bem estar físico,
espiritual e social de seus semelhantes os cuidados e o amparo que dele são
esperados.
Eis as principais
realizações de Marcos Lindenberg como diretor da Escola: construção,
instalação, organização e desenvolvimento da biblioteca, hoje [nos anos 1970]
Biblioteca Regional de Medicina-BIREME [atualmente não está mais na EPM];
melhoria e ampliação das condições de ensino e pesquisa nas disciplinas básicas
e construção de um prédio de 6 pavimentos para laboratórios; construção do
Instituto de Medicina Preventiva, o primeiro do Brasil, e, sob orientação de
Walter Leser, implantação de seu ensino ao longo de todo o curso médico, com
extensão ao âmbito domiciliar e à comunidade;
expansão e desenvolvimento do ensino clínico em ambulatório, programa para o
qual deixou pronto e detalhado o projeto de um edifício de cerca de 14.000 m2
de área, já parcialmente construído e em funcionamento à Rua Pedro de Toledo;
construção de uma pequena praça de esportes; promoção de cursos e conferências
de extensão cultural; estímulo e colaboração para instalação pelos estudantes
de uma sala acústica para audição de música gravada; estímulo e colaboração
para organização pelo Centro Acadêmico Pereira Barreto de exposições de pintura
e escultura com obras de autoria de médicos e estudantes da Escola; com a
colaboração de A. Bernardes de Oliveira, apresentação de raridades
bibliográficas médicas.
Publicou em 1920,
edição Weisflog Irmãos, “Lições de Mecânica Elementar” para estudantes de curso
secundário, e deixou contribuições em patologia hepática e da esquistossomose,
da moléstia de Chagas, das duodenites e colecistites e da hematologia.
Encerradas suas
atividades na Escola Paulista de Medicina, Marcos Lindenberg dirigiu, de março
de 1966 a junho de 1975, o Serviço Social da Indústria da Construção e do
Mobiliário do Estado de São Paulo, entidade sem fins lucrativos que preta
assistência médica, odontológica e social aos empregados de empresas de
construção civil.
Fonte bibliográfica: “Marcos Lindenberg”, por Silvio J. Pinto
Borges in A Escola Paulista de
Medicina – Dados Comemorativos de seu 40º Aniversário (1933-1973) e Anotações Recentes. Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, São Paulo, 1977, págs.
116-120.
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