A partir de texto de Dionísio Queiroz Guimarães
Décio Pereira de Queiroz
Telles nasceu em Campinas, Estado de São Paulo, a 8 de agosto de 1902, filho do
Dr. Ederaldo Prado de Queiroz Telles e de Dona Maria Luzia Pereira Telles.
Ainda criança,
seus pais se transferiram para Mogi-Mirim. Fez estudos preparatórios no Ginásio
de São Bento, da Capital, no Ginásio Diocesano e Instituto Cesário Mota, de Campinas
e, por último, no Instituto Osvaldo Cruz, em São Paulo. Matriculou-se em 1920
na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, doutorando-se em 1925, após a
defesa de Tese aprovada com distinção, sobre “Estudo Clínico da
Coprobaciloscopia Tuberculosa”.
No Rio de Janeiro,
durante seus estudos, foi interno da 9ª Enfermaria de Clínica Médica da Santa
Casa de Misericórdia, chefiada pelo Dr. Sylvio Muniz. Também trabalhou no
Dispensário de Tuberculose da Praça da Bandeira, sob a direção do Dr. Plácido
Barbosa, que orientava a Inspetoria de Tuberculose do então Distrito Federal.
Em 1926, abriu consultório e foi clinicar em Campos do Jordão, onde permaneceu
até 1931, tendo sido em 1930, nomeado Prefeito Sanitário dessa Estância. Em
1931 mudou-se para São Paulo e passou a frequentar a 2ª Enfermaria de Clínica Médica
da Santa Casa de Misericórdia de S. Paulo, sob a chefia de Rubião Meira e
assistência de Lemos Torres e Jairo Ramos. Na Revolução Constitucionalista de
1932, alistou-se no Batalhão da Liga da Defesa Paulista, como soldado, mas dele
foi retirado pelo Comando Geral das Forças Paulistas, que o designou para
atender todo o Hospital São Luiz Gonzaga de Jaçanã, que na ocasião estava
desprovido de facultativos. Em 1933, foi nomeado médico-chefe do Ambulatório
desse Hospital, onde exerceu sua atividade sob a direção de Lemos Torres até
1938. Ainda em 1933 foi nomeado Médico Tisiologista do Serviço de Saúde
Escolar, criado nessa época para atender aos alunos dos Grupos Escolares da
Capital. Nesse serviço permaneceu até 1938. No decurso desses anos fez várias
conferências e comunicações sobre tuberculose, na Associação Paulista de Medicina
e em outras sociedades médicas da Capital e do Interior. Foi também presidente
da Seção de Tisiologia da Associação Paulista de Medicina. Em 1935 elegeu-se deputado
à Constituinte de São Paulo, em cuja Carta Magna, nesse ano promulgada,
conseguiu inserir o dispositivo constitucional que concedia 4 anos de licença,
com todos os vencimentos, aos funcionários atacados de enfermidade duradoura
que os incapacitasse para o trabalho e consequente aposentadoria ao termo desse
prazo, com todas as vantagens do cargo, para os que não houvessem recuperado a
saúde. Esse imperativo constitucional prevaleceu sempre em toda a legislação
posterior, ainda hoje em pleno vigor. Em 1933, foi um dos fundadores da Escola
Paulista de Medicina e escolhido para titular da Cadeira de Tisiologia. Na EPM
lecionou, de início, para as alunas de Enfermagem, os assuntos de Tuberculose,
bem como ministrou aulas da mesma matéria, em programas de outras Cátedras,
enquanto a EPM não instalava a Cadeira de Tisiologia para os alunos de
Medicina. Depois dessa instalação, não mais deixou de ensinar até sua aposentadoria.
Foi relator de temas sobre tuberculose em Congressos Médicos paulistas,
nacionais e internacionais, tendo publicado numerosos trabalhos sobre a especialidade.
Em 1938, foi nomeado Diretor da então Seção de Tuberculose do Departamento de
Saúde do Estado de São Paulo. Foi presidente da Liga Paulista Contra a
Tuberculose. Em 1940, no Instituto Clemente Ferreira, organizou o 1º Curso de
Tisiologia para Médicos que desejassem se instruir na especialidade. Em 1944,
sob o governo do Dr. Fernando Costa, transformou a antiga Seção de Tuberculose
que se compunha apenas do Instituto Clemente Ferreira e de um Ambulatório da
Mooca, na Divisão do Serviço de Tuberculose, que reuniu em uma mesma e única
organização, todos os serviços de tuberculose até então dispersos e
subordinados a vários setores administrativos. Com a criação da Divisão do Serviço
de Tuberculose, os Dispensários e Hospitais de Tuberculose, bem como
ambulatórios, abrigos e outras instituições com a mesma finalidade, mesmo particulares,
desde que estabelecessem convênios com o Estado, passaram a constituir um único
organismo que incrementou e impulsionou consideravelmente a luta contra o mal,
em todo Estado. Foram então criados e instalados muitos dispensários novos,
todos modernamente aparelhados. Foram estimulados os estudos sobre a tuberculose
e incentivado o entusiasmo de se lutar contra o flagelo. Fundou-se mesmo uma
sociedade de estudos de tuberculose – o Centro de Estudos da Divisão do Serviço
de Tuberculose, que muito contribuiu para a divulgação de conhecimentos da moléstia.
Mas no aparelhamento da Divisão do Serviço de Tuberculose, que muito contribuiu
para a divulgação de conhecimentos da moléstia. Mas no aparelhamento desse
serviço havia de leitos, sendo que pacientes chegavam a morrer desamparados em qualquer
lugar. Necessitavam ser internados. Eleito novamente deputado à Constituinte do
Estado, em 1947, pugnou e conseguiu que constasse na Constituição um
dispositivo que reservava uma verba equivalente a 2% do orçamento do Estado
para a construção de Hospitais de Tuberculosos. Durante o exercício do
magistério fez parte de bancas examinadoras de concursos para catedráticos e
livre-docentes, não só em São Paulo, mas também na Bahia e no Paraná.
Em 1955,
terminando o terceiro mandato de deputado, voltou à direção da Divisão do
Serviço de Tuberculose, em cujo cargo se aposentou em 1965. Nessa mesma data
aposentou-se da Cadeira de Tisiologia da EPM.
Fonte bibliográfica:
Guimarães, D. Q. – Décio Pereira de Queiroz Telles in A Escola Paulista de Medicina – Dados
Comemorativos de seu 40º Aniversário (1933-1973) e Anotações Recentes, por José
Ribeiro do Valle. Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1977, páginas 53-56.
Gostei muito do texto, um bom trabalho na compilação dos dados foi feito.Muito obrigado e Parabéns ao autor!!
ResponderExcluirObrigado!
ResponderExcluirExcelente o texto. Resume bem a trajetória do meu tio-avô que sempre abraçou a Medicina com extrema dedicação, tanto no exercício como na docência, inclusive colocando-a como prioridade nos cargos públicos que ocupou.
ResponderExcluir