A partir de texto de Ângelo Mazza e outras fontes
Paulo Mangabeira
Albernaz nasceu em Bagé, no Rio Grande do Sul, em 25 de janeiro de 1896. Sendo
filho de médico, cedo optou por estudar Medicina. Transferiu-se para Salvador,
Bahia, onde fez estudos básicos que lhe deram sólido cabedal humanístico. Em
1913 entrou na Faculdade de Medicina da Bahia e ainda estudante, demonstrou
interesse pela Otorrinolaringologia, chefiada então por Eduardo Moraes, mestre
de grande saber, admirado por seu saber e por seu apuro na indumentária. Também
foi auxiliar acadêmico do Instituto Oswaldo Cruz da Bahia (1916-18) e da Cadeira
de Anatomia Patológica (1916-17).
Formado em 1918, em
1919 Mangabeira Albernaz foi laureado com distinção em sua tese de formatura
intitulada “Estudos sobre a raiva”. A partir de então, firmou-se na área de Otorrinolaringologia.
Ainda nessa época, iniciou seus estudos em terminologia médica, assunto de sua
predileção, em que se tornou autoridade. Bastante preocupado com o
aprimoramento da linguagem médica, publicou seguidos estudos objetivando
diretrizes para sua uniformização.
Em 1921 mudou-se
para o estado de São Paulo, em Jaú, onde trabalhou cinco anos na Santa Casa e
fundou a Sociedade de Medicina de Jaú, da qual foi presidente.
Em julho de 1926,
a convite do Dr. Carlos Penteado Stevenson, mudou-se para Campinas, onde fundou
a Clínica Otorrinolaringológica da Santa Casa, a cuja frente permaneceu por
aproximadamente trinta anos, sendo que no período final foi auxiliado pelo seu filho
Luiz Gastão. De estudos nesse local surgiram muitos trabalhos, alguns publicados
no exterior.
onde continuou sua pesquisa sobre o tratamento da Angina
fusoespiralar (de Vincent) pela aplicação tópica de sais de bismuto, estudo
esse com boa repercussão no exterior.
Albernaz pesquisou
também lesões proliferativas da Leishmaniose nasal (Úlcera de Bauru)
descrevendo pela primeira vez na literatura mundial sua forma poliposa “O pólipo
de Leishmaniose”. Essas pesquisas suscitaram controvérsias que ele rebateu com
rigor científico. Em 1944, Marques da Cunha reproduziu experimentalmente em Macacus
rhesus o pólipo da Leishmaniose na mucosa nasal, confirmando essa hipótese
em definitivo.
Em 1933, com sua participação na fundação da
Escola Paulista de Medicina, iniciou nova etapa em sua vida, a do magistério.
Entregou-se de corpo inteiro com verdadeira idolatria pela EPM, onde saíram diplomados
seus três filhos: Luís Gastão, Paulo e Pedro Luís. Durante três décadas
professou aulas memoráveis, concorridíssimas e fascinantes pela clareza, elegância
e precisão da linguagem.
Em 1937, convencido
dos méritos da etmoidectomia sistematizada pelo Prof. Ermiro de Lima (muito
mais segura do que a convencional), por meio de concludente e irrefutável
artigo, despertou a atenção dos colegas, enalteceu seu valor técnico,
conferindo-lhe o prestígio que depois adquiriu; ainda com demonstrações
práticas em Buenos Aires, a fez conhecida internacionalmente.
São ainda desse
tempo as publicações de magníficas lições de Otorrinolaringologia básica na
revista Brasil Médico; pelo estilo ágil e fluente, foram reproduzidas, por solicitação,
pela revista argentina “El Dia Médico”. Instado pelo diretor do Brasil Médico,
compilou-as em um compêndio chamado “Otorrinolaringologia Prática”, livro
pioneiro e português sobre a especialidade. Depois, reformulado, com sucessivas
edições, tornou-se livro adotado nas escolas médicas do Brasil.
Por todo seu
trabalho científico e acadêmico, em 1966, o Prof. Mangabeira Albernaz recebeu do
governo federal a Comenda de Grande Oficial da Ordem do Mérito Médico.
Em 1968, por
incumbência do Conselho Técnico e Administrativo da Escola Paulista de
Medicina, escreveu livro onde fez o histórico dos primeiros vinte e cinco anos
da EPM.
Além das
atividades mais propriamente médicas, em 1966 tornou-se rotariano emérito do
distrito 459 do Rotary International, do qual foi posteriormente governador
em 1971-72. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos e
membro titular, na cadeira de Ruy Barbosa, da Academia Campinense de Letras.
Em 1971 foi
contemplado com o prêmio “Eliseu Segura” no congresso de El Salvador, em
reconhecimento aos serviços prestados pela aproximação dos povos
latino-americanos no campo da Otorrinolaringologia. O prêmio Medalha de Ouro
foi-lhe entregue em sessão solene do departamento da Associação Paulista de
Medicina, em 17 de abril de 1973, por Walter Benevides, Secretário da Federação
Latino-Americana de Otorrinolaringologia, com a presença de professores das
principais escolas médicas, além de representantes de órgãos de classe e grande
número de médicos.
Alguns dos livros
do Professor Mangabeira Albernaz: “Otorrinolaringologia Prática”; “Clinica
Otorrinolaringológica (Observações e Estudos); “Questões de Linguagem Médica”; “Lições
de Terminologia Médica” (editado em Lisboa); “De que morreu Napoleão”, um
ensaio médico-histórico; “Francisco Mangabeira, Sonho e Aventura”; “Linguagem
Médica. Contestação a Desacertos e Desconcertos”.
Além disso
pertenceu a diversas organizações médicas e humanísticas.
O Prof. Paulo
Mangabeira Albernaz foi casado com a Sra. Maria Mariani Mangabeira Albernaz.
Ele faleceu em 23 de abril de 1982, com 86 anos.
Seu nome foi dado
a várias escolas e logradouros públicos de São Paulo e de Campinas.
Fontes bibliográficas:
1 – Mazza, A. – Paulo Mangabeira Albernaz in A Escola
Paulista de Medicina – Dados Comemorativos de seu 40º Aniversário (1933-1973) e
Anotações Recentes. Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1977, páginas
138-141.
2 - Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
Acessível em http://oldfiles.bjorl.org/conteudo/acervo/acervo.asp?id=1980
3 – Dicionário de Ruas de São Paulo
acessível em https://dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/