domingo, 7 de julho de 2019

Biografia do Prof. Paulo Mangabeira Albernaz


A partir de texto de Ângelo Mazza e outras fontes

     Paulo Mangabeira Albernaz nasceu em Bagé, no Rio Grande do Sul, em 25 de janeiro de 1896. Sendo filho de médico, cedo optou por estudar Medicina. Transferiu-se para Salvador, Bahia, onde fez estudos básicos que lhe deram sólido cabedal humanístico. Em 1913 entrou na Faculdade de Medicina da Bahia e ainda estudante, demonstrou interesse pela Otorrinolaringologia, chefiada então por Eduardo Moraes, mestre de grande saber, admirado por seu saber e por seu apuro na indumentária. Também foi auxiliar acadêmico do Instituto Oswaldo Cruz da Bahia (1916-18) e da Cadeira de Anatomia Patológica (1916-17).
     Formado em 1918, em 1919 Mangabeira Albernaz foi laureado com distinção em sua tese de formatura intitulada “Estudos sobre a raiva”. A partir de então, firmou-se na área de Otorrinolaringologia. Ainda nessa época, iniciou seus estudos em terminologia médica, assunto de sua predileção, em que se tornou autoridade. Bastante preocupado com o aprimoramento da linguagem médica, publicou seguidos estudos objetivando diretrizes para sua uniformização.
     Em 1921 mudou-se para o estado de São Paulo, em Jaú, onde trabalhou cinco anos na Santa Casa e fundou a Sociedade de Medicina de Jaú, da qual foi presidente.
     Em julho de 1926, a convite do Dr. Carlos Penteado Stevenson, mudou-se para Campinas, onde fundou a Clínica Otorrinolaringológica da Santa Casa, a cuja frente permaneceu por aproximadamente trinta anos, sendo que no período final foi auxiliado pelo seu filho Luiz Gastão. De estudos nesse local surgiram muitos trabalhos, alguns publicados no exterior.  
onde continuou sua pesquisa sobre o tratamento da Angina fusoespiralar (de Vincent) pela aplicação tópica de sais de bismuto, estudo esse com boa repercussão no exterior.
   Albernaz pesquisou também lesões proliferativas da Leishmaniose nasal (Úlcera de Bauru) descrevendo pela primeira vez na literatura mundial sua forma poliposa “O pólipo de Leishmaniose”. Essas pesquisas suscitaram controvérsias que ele rebateu com rigor científico. Em 1944, Marques da Cunha reproduziu experimentalmente em Macacus rhesus o pólipo da Leishmaniose na mucosa nasal, confirmando essa hipótese em definitivo.
          Em 1933, com sua participação na fundação da Escola Paulista de Medicina, iniciou nova etapa em sua vida, a do magistério. Entregou-se de corpo inteiro com verdadeira idolatria pela EPM, onde saíram diplomados seus três filhos: Luís Gastão, Paulo e Pedro Luís. Durante três décadas professou aulas memoráveis, concorridíssimas e fascinantes pela clareza, elegância e precisão da linguagem.
     Em 1937, convencido dos méritos da etmoidectomia sistematizada pelo Prof. Ermiro de Lima (muito mais segura do que a convencional), por meio de concludente e irrefutável artigo, despertou a atenção dos colegas, enalteceu seu valor técnico, conferindo-lhe o prestígio que depois adquiriu; ainda com demonstrações práticas em Buenos Aires, a fez conhecida internacionalmente.
     São ainda desse tempo as publicações de magníficas lições de Otorrinolaringologia básica na revista Brasil Médico; pelo estilo ágil e fluente, foram reproduzidas, por solicitação, pela revista argentina “El Dia Médico”. Instado pelo diretor do Brasil Médico, compilou-as em um compêndio chamado “Otorrinolaringologia Prática”, livro pioneiro e português sobre a especialidade. Depois, reformulado, com sucessivas edições, tornou-se livro adotado nas escolas médicas do Brasil.
     Por todo seu trabalho científico e acadêmico, em 1966, o Prof. Mangabeira Albernaz recebeu do governo federal a Comenda de Grande Oficial da Ordem do Mérito Médico.
     Em 1968, por incumbência do Conselho Técnico e Administrativo da Escola Paulista de Medicina, escreveu livro onde fez o histórico dos primeiros vinte e cinco anos da EPM.
     Além das atividades mais propriamente médicas, em 1966 tornou-se rotariano emérito do distrito 459 do Rotary International, do qual foi posteriormente governador em 1971-72. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos e membro titular, na cadeira de Ruy Barbosa, da Academia Campinense de Letras.
     Em 1971 foi contemplado com o prêmio “Eliseu Segura” no congresso de El Salvador, em reconhecimento aos serviços prestados pela aproximação dos povos latino-americanos no campo da Otorrinolaringologia. O prêmio Medalha de Ouro foi-lhe entregue em sessão solene do departamento da Associação Paulista de Medicina, em 17 de abril de 1973, por Walter Benevides, Secretário da Federação Latino-Americana de Otorrinolaringologia, com a presença de professores das principais escolas médicas, além de representantes de órgãos de classe e grande número de médicos.
     Alguns dos livros do Professor Mangabeira Albernaz: “Otorrinolaringologia Prática”; “Clinica Otorrinolaringológica (Observações e Estudos); “Questões de Linguagem Médica”; “Lições de Terminologia Médica” (editado em Lisboa); “De que morreu Napoleão”, um ensaio médico-histórico; “Francisco Mangabeira, Sonho e Aventura”; “Linguagem Médica. Contestação a Desacertos e Desconcertos”.   
     Além disso pertenceu a diversas organizações médicas e humanísticas.
     O Prof. Paulo Mangabeira Albernaz foi casado com a Sra. Maria Mariani Mangabeira Albernaz. Ele faleceu em 23 de abril de 1982, com 86 anos.
     Seu nome foi dado a várias escolas e logradouros públicos de São Paulo e de Campinas.

Fontes bibliográficas:
1 – Mazza, A. – Paulo Mangabeira Albernaz in A Escola Paulista de Medicina – Dados Comemorativos de seu 40º Aniversário (1933-1973) e Anotações Recentes. Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1977, páginas 138-141.
2 - Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
Acessível em http://oldfiles.bjorl.org/conteudo/acervo/acervo.asp?id=1980
3 – Dicionário de Ruas de São Paulo
acessível em https://dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/

2 comentários:

  1. Texto muito didático, conciso e esclarecedor da grandeza deste professor. Um dos tantos símbolos da nossa querida EPM e de nosso querido país.
    Uma contribuição para a memória da medicina do mundo. Tra ca trá!

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