terça-feira, 30 de agosto de 2022

Do livro de Paulo Fraletti “Vocação Hipocrática” (discurso de formatura) Homenagem aos 30 anos da existência da Escola Paulista de Medicina.

 

Este livro de Paulo Fraletti, escrito em 1963, em comemoração aos 30 anos de fundação da EPM, tem como escopo principal o discurso de formatura de dezembro de 1947 escrito e lido pelo próprio Paulo Fraletti. O livro tem três partes: como primeira parte uma espécie de “Introdução” que é nomeada como “Justificação”; como segunda parte o próprio discurso intitulado “Vocação Hipocrática”; uma terceira parte, contendo apenas um trecho das palavras do paraninfo Prof. Dr. Flávio da Fonseca.

Aqui reproduzimos apenas a primeira e a terceira parte. A segunda parte, mais longa, fica para uma próxima ocasião.    

Embora a composição da obra seja datada de 1963, o livro foi impresso em 1966, e seu texto inicial reproduz o entusiasmo do autor com o crescimento da EPM no início da década de 1960.

 

[Primeira Parte]

Justificação [Introdução]

          Hoje, passados 16 anos de nossa formatura, este discurso talvez não desperte, ou melhor, ao certo não despertará a mesma reação emotiva, nem tampouco terá a mesma acolhida com a da data de sua recitação, pois faltará agora (já que se vai lê-lo, e não o ouvir), a presença do orador, que, com seu entusiasmo de moço, não poderá compensar com sua voz, as muitas deficiências existentes.

          Até 1947, a escolha do orador da turma era feita por eleição, à qual, geralmente, se candidatava o orador oficial do Centro Acadêmico Pereira Barreto, prerrogativa da qual não quisemos abusar, apesar de termos sido eleito para o cargo durante todo o curso. Como, porém, da nossa turma (10ª), vários candidatos iriam disputar a preferência dos colegas, propusemos a realização de um concurso, o que aconteceu pela primeira vez, se não nos enganamos, na Escola Paulista de Medicina.

          Fizeram parte da banca examinadora os professores Dr. Felício Cintra do Prado e Dr. Paulo Eneas Galvão, da Escola Paulista, e o Dr. Antonio Ferreira Cesarino Junior, professor da Faculdade de Direito de São Paulo e calouro de medicina àquele ano.

          Atividades do Centro Acadêmico, correrias de exames e tropel de festas tão comuns no 2º semestre da 6ª série, não permitiram que muitas passagens do discurso fossem melhor cuidadas. A sua publicação, àquela época, em “O Bíceps” (jornal dos alunos editado pelo C.A. Pereira Barreto), dado os pedidos insistentes que nos eram dirigidos, saiu sem que pudéssemos ter-lhe dado feição definitiva, o que agravou as imperfeições já existentes, pois foi entregue à tipografia em manuscrito e com “letra de médico”, sendo que, para piorar tudo, não nos foram cedidas provas para revisão.

          A publicação definitiva, destinada a familiares, colegas de turma e amigos, conforme prometemos ao sair da Escola, cobrada frequentemente, foi sendo adiada de ano para ano, uma vez que as obrigações da vida e da profissão, em correria afanosa, vêm se sucedendo e aumentando à medida que os dias passam.

          Não quisemos, porém, deixar passar a oportunidade apresentada neste ano de 1963, quando transcorre o 30º aniversário de fundação da Escola Paulista de Medicina, juntando às grandes comemorações que lhe serão prestadas, a da nossa modesta oração.

          Que não se julgue, pois, o nosso discurso, feito em época de formação intelectual e profissional, pelo homem de meia idade de hoje! Que seja lido como trabalho de um moço, em plena posse de todos os seus ideais, sonhos e aspirações, inclusive de suas veleidades poéticas, escrito com o entusiasmo de alma e vibração emocional próprios da idade.

          É o pagamento de uma dívida afetiva, por isso mesmo dedicado aos familiares, colegas de turma, amigos e à Escola Paulista de Medicina que, no seu 30º ano de existência, já não mais é a Escolinha da década dos anos 30, nem apenas a Escola do nosso tempo (década dos anos 40), mas a grande Escola de hoje [1963], não só pela majestade do conjunto de instalações que vai rebentando como planta no chão da Vila Clementino, mas também pela soberba trajetória histórica que vem traçando – verdadeira marcha ufana dos vencedores de 1933.

                                                     São Paulo, 1 de junho de 1963

                                                                     P. Fraletti  

 

[Terceira Parte]

Palavras do Paraninfo

(trecho do discurso do Prof. Dr. Flávio Ribeiro Oliveira da Fonseca)

 

          Ao orador brilhante que em formosa oração interpretou os sentimentos da turma em relação a Escola Paulista de Medicina, eu quero agradecer em nome desta, as palavras que pronunciou, penhor de sua gratidão à Escola de que se despede. No trecho em que se dirige à minha pessoa, vejo apenas um símbolo, reconhecendo ser o paraninfo mero representante da Congregação, à qual se dirigia, portanto, o doutorando, ao saudar o seu patrono. As expressões de que se utilizou, ditadas pelo seu entusiasmo estuante de moço e de poeta, bem o dizem: tais ditirambos somente podem ser dirigidos a uma corporação e nunca a um homem; e não creio que haja algum, por mais vaidoso, que não receasse ser esmagado ao suportar sozinho o peso de elogios de tal quilate. Transmito-os, pois, integralmente, aos meus nobres colegas do corpo docente da Escola Paulista de Medicina, que, estes sim, são dignos deles, pela obra social e educacional que desprendidamente e com o maior sucesso, vêm realizando há três lustros em São Paulo.

 

Fonte bibliográfica:

Fraletti, Paulo – Vocação Hipocrática (discurso de formatura). Homenagem aos trinta anos de existência da Escola Paulista de Medicina. Gráfica e Editora Edigraf, São Paulo, 1966.

 

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