Existe certa polêmica a respeito de quantos e quais foram os fundadores da Escola Paulista de Medicina (EPM) em 1933, polêmica essa compreensível, em virtude de que o início e a instalação dessa instituição se deram no calor de acontecimentos vários na sociedade brasileira, bem como mais especificamente na sociedade paulista, tanto a respeito do momento político, quanto da necessidade da criação de mais uma escola médica em São Paulo.
No livro do Prof.
Dr. Durval Rosa Borges, intitulado “De quanto tal viagem pede e manda”, de
2019, às páginas 149 e 151, em trecho sobre a fundação da EPM, ele escreve:
“A ‘semente milagrosa’ foi lançada por 31 médicos com idade
variando de 26 a 54 anos (mediana de 34), sete dos quais solteiros na ocasião
(1933). Dois engenheiros haviam também subscrito o manifesto publicado a 1º de
junho de 1933 (Figura 7.3), mas não assinaram a escritura da fundação e
organização outorgada a 26 de junho de 1933. De fato, o parágrafo único do
artigo 7º dos Estatutos da Escola Paulista de Medicina (25 de junho de 1933,
figuras 7.4 e 7.5) de redação dos outorgantes estabelecia que “para ser sócio
fundador ou efetivo, é requisito essencial ser médico legalmente habilitado”.
Dos fundadores, vinte eram nascidos em São Paulo (catorze na capital) e onze em
outros locais (sete no Rio de Janeiro, dois na Itália). Formaram-se catorze na Faculdade
Nacional de Medicina no Rio de Janeiro, doze na Faculdade de Medicina e
Cirurgia de São Paulo e cinco em outras instituições. Dos 31 médicos fundadores
(mediana de 34 anos de idade), 25 (mediana de 33 anos de idade) vieram a efetivamente
atuar na EPM”.
Embora haja essa
informação de que nem todos os fundadores tivessem atuado efetivamente na EPM,
Borges informa que o patrimônio inicial da escola foi constituído por 31 cotas
de cinco contos de réis que cada fundador integralizou no período de cinco anos,
ou seja, de 1933 a 1937, totalizando a soma de 155 contos de réis.
Do livro da
historiadora Márcia Regina Barros da Silva intitulado “Estratégias da Ciência:
A História da Escola Paulista de Medicina (1933-1956)”, publicado em 2003, correspondente
à tese de mestrado de semelhante título, defendida no Departamento de História
da Universidade de São Paulo, às páginas
34 e 35, extraímos os nomes dos 31 médicos e 2 engenheiros que subscreveram o
Manifesto de Fundação, que foi publicado nos jornais de 1º de junho de 1933,
conforme segue abaixo, em ordem pelo ano de formatura (esta contagem dá 15
formados no RJ e 11 em SP, uma diferença de 1 em relação ao Prof. Borges):
Nome
Formatura Faculdade
1 Henrique Rocha Lima 1901 FMRJ
2 Álvaro Lemos Torres 1907 FMRJ
3 Carlos Fernandes 1911 FMRJ
4 João Moreira da Rocha 1915 FMRJ
5 Octavio de Carvalho 1915 FMRJ
6 Afrânio do Amaral 1916 FMBa
7 Archimede Bussaca 1916
U. de Palermo
8 Domingos Define 1916 FMRJ
9 Nicolau Rossetti 1917
U. de Nápoles
10 Alípio Corrêa Neto 1918 FMSP
11 Antonio Prudente 1918 FMSP
12 Paulo Mangabeira Albernaz 1919 FMBa
13 Antonio Carlos Pacheco e Silva 1920 FMRJ
14 Antonio Almeida Junior 1921 FMSP
15 Olivério Mário de Oliveira Pinto 1921 FMBa
16 Felício Cintra do Prado 1922 FMSP
17 Felipe Figliolini 1922 FMRJ
18 Flávio da Fonseca 1923 FMRJ
19 Jairo Ramos 1923 FMSP
20 José Medina 1923 FMSP
21 Fausto Guerner 1924 FMRJ
22 José Ignácio Lobo 1924 FMSP
23 Marcos Lindenberg 1924 FMRJ
24 Pedro de Alcântara 1924 FMSP
25 Álvaro Guimarães Filho 1925 FMSP
26 Antonio Bernardes de Oliveira 1925 FMSP
27 Décio de Queiroz Telles 1925 FMRJ
28 José Maria de Freitas 1927 FMSP
29 Rodolpho de Freitas 1927 FMRJ
30 Otto Bier 1928 FMRJ
31 Dorival Macedo Cardoso 1930 FMRJ
Dois Engenheiros que assinaram o manifesto:
Eduardo Ribeiro da Costa 1916 Escola
de Minas de Ouro Preto
Luiz Cintra do Prado 1927 Escola Politécnica de S.P.
Fontes bibliográficas:
Borges, Durval Rosa. De Quanto Tal Viagem Pede e Manda. Volume
6 de Fragmentos de Memória (1969-1975). Kato Editorial, 2019.
Silva, Márcia Regina Barros. Estratégias da Ciência: A
História da Escola Paulista de Medicina (1933-1956). Série Ciência, Saúde e
Educação. CDAPH. Editora Universitária São Francisco, 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário