terça-feira, 1 de outubro de 2024

Biografia de Luiz Pereira Barreto Neto

 

          Luiz Pereira Barreto Neto nasceu em São Paulo em 10 de setembro de 1898. Formou-se pela Faculdade de Medicina de São Paulo em 1922. Após ter-se formado, ele ficou algum tempo em Londres aprimorando seus estudos. Em 1923 defendeu tese de doutoramento aprovada com distinção com o título “Febre Tifoide e Proteinoterapia”.

          Por 35 anos trabalhou intensamente no Hospital Emílio Ribas. Inicialmente como aluno de graduação, nos últimos dois anos do curso médico. Depois como médico interno, fixando residência no próprio recinto do hospital, em um formato que já lembrava a futura Residência Médica. Em 1950 foi nomeado Diretor desse Hospital, cargo em que ficou até a aposentadoria em 1957.

          Em março de 1929 foi nomeado médico interno da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, trabalhando em regime de plantões de 24 horas, às sextas-feiras. Durante a Revolução de 1932, ele trabalhou dia e noite nesse hospital para atender a feridos. Permaneceu trabalhando na Santa Casa até novembro de 1966, quando recebeu o título de “cirurgião honorário” desse mesmo hospital.

          Em 1937, foi convidado pela Congregação da Escola Paulista de Medicina, na qual assumiu a Cátedra de “Doenças Infecciosas e Parasitárias”, inaugurada nesse mesmo ano para a primeira turma de alunos da EPM. Foi professor dessa instituição por 31 anos, de modo que se aposentou em 1968.

          Foi escolhido como paraninfo por quatro vezes em formaturas da EPM, em 1939, em 1952, em 1958 e em 1964. Várias vezes foi convidado para Secretário da Saúde do Estado de São Paulo, sempre declinando desse cargo. Ele dizia que “o livro da Medicina não tem fim e devemos percorrê-lo toda a vida”. Dizia também “não há Medicina sem Filosofia”, pois segundo ele, “existe a patologia individual, a psicopatologia, a patologia familiar, a patologia social, a patologia universal”. Desse modo, sugeria ao médico aconselhar para além da doença, e considerava a educação geral como fundamental para a saúde da população.

          O Prof. Dr. Jair Xavier Guimarães foi o Primeiro Assistente do Prof. Dr. Pereira Barreto Neto desde 1939, de modo que passou a substituí-lo nessa cadeira a partir de 1968.  

          O Prof. Dr. Luiz Pereira Barreto Neto faleceu em 12 de agosto de 1971, deixando viúva dona Odete Pinto de Souza Barreto e os filhos Maria Cecília Pereira Barreto Sheldon, Luiz Eduardo Pereira Barreto e Raul Carlos Pereira Barreto.


Fontes bibliográficas:

Guimarães, JX. Luiz Pereira Barreto Neto (1898-1971) in A Escola Paulista de Medicina – dados comemorativos de seu 40º aniversário (1933-1973) e anotações recentes. Organizador: José Ribeiro do Vale. Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1977, pp. 190-192.

Acervo do jornal “O Estado de São Paulo”

 

terça-feira, 9 de julho de 2024

Biografia do Prof. José Barbosa Correa

 A partir de texto de Carlos de Oliveira Bastos


          José Barbosa Correa nasceu em São Paulo em 1899. Após ter um bom desempenho no curso secundário, em 1918 entrou na então chamada Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, onde formou-se em 1923, por uma turma que legou vários professores ao ensino da Medicina.

          Filiou-se à Segunda Cadeira de Clínica Médica dessa mesma Faculdade, chamada também de Cátedra de Rubião Meira. Nela, já figurava com destaque Lemos Torres. José Barbosa Correa foi alçado a Segundo Assistente da Cadeira, depois Primeiro Assistente. Em 1936, após concurso público, tornou-se Livre-Docente de Clínica Médica.

         Já era então conhecido por sua dedicação ao ensino, seu interesse pela verdade científica e seus métodos pedagógicos que utilizava em suas aulas regulares, bem como em cursos particulares, nos quais aprofundava técnicas e táticas da Propedêutica Médica e da Clínica Geral.

         Teve participação ativa nos trabalhos preparatórios para a fundação da Escola Paulista de Medicina. Por esta, a partir de indicação de seu Corpo Docente inicial, foi designado em 1934 como Professor de Cardiologia, área ainda de configuração recente, à qual ele dedicava especial atenção [Bastos escreveu este texto bem posteriormente aos fatos e provavelmente não quis dizer Cardiologia no sentido de Disciplina]. 

             Mais especificamente em relação à Cardiologia, podemos observar na edição do Jornal O Estado de São Paulo de 26 de novembro de 1939 a seguinte notícia:

"Realizou-se ontem, no Restaurante da Casa Anglo-Brasileira, um almoço em homenagem ao Prof. José Barbosa Correa, orientador clínico da turma de médicos cardiologistas que frequentaram durante dois anos o curso de especialização em cardiologia organizado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em 1937, por iniciativa daquele livre-docente. Em regozijo pela terminação desse curso, efetuou-se o ágape em apreço, ao qual compareceram diversos professores e o reitor da Universidade. O Prof. José Barbosa Correa foi saudado pelo Dr. Reynaldo Kuntz Bush, ao qual respondeu agradecido".   

          Com a morte de seu mestre, Lemos Torres, em 1942, após concurso de títulos, foi indicado como Professor da Segunda Cadeira de Clínica Médica da Escola Paulista de Medicina, cargo que exerceu com dedicação até sua morte prematura em 1948.

         Em sua carreira participou de numerosos cursos, trabalhos científicos, palestras, conferências, sociedades e teses que orientou. Além disso, tinha especial ao estudo da língua portuguesa e à Filologia, dominando também alemão, inglês, grego e latim, de modo que foi designado, em 1936, para Professor na Cadeira de Latim do Colégio Universitário de São Paulo. Tinha, portanto polimorfa cultura humanística e filosófica que empregava em suas aulas.

        Quando de seu falecimento em 1948, seu discípulo Carlos de Oliveira Bastos publicou em 3 de dezembro desse ano, no jornal “Gazeta” um necrológio do qual foi extraída a seguinte parte:

“Dos diletos discípulos de Lemos Torres, foi Barbosa Correa quem o sucedeu na cátedra. Permitiam-lhe as disposições regimentais o acesso à Segunda Cadeira de Clínica Médica, para a qual se credenciara, em concurso de títulos, pelo excepcional realce de seu passado no magistério superior e dignificante exercício da profissão”.

“Fora, aliás, sempre o seu sonho, acalentado terna e docemente desde os dias da mocidade, a regência do ensino de Clínica Médica, disciplina na qual já se celebrizara, quando assistente de Rubião Meira, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. E, para tanto, vinha de longa data aprimorando os dotes de sua invejável cultura médica e alevantado saber humanístico”.

“Elevado à cátedra da Escola Paulista, põe-lhe a serviço as inigualáveis virtudes de sua polimorfa personalidade. Espírito lúcido, rutilante inteligência, caráter ilibado, perspicaz e ativo, culto e douto, trabalhador incansável, senhor de princípios, firme nas convicções, bom, puro e santo homem, tornou a Cadeira a razão de ser de sua atribulada e já doentia existência”.

“Do que foi o seu professorado e de quanto dignificou o ensino médico, atestem-no as numerosas turmas de doutorandos, que lhe ouviram as sábias lições; proclamem-no todos quantos, assistentes, médicos, internos e alunos, o viram, dispneico e ofegante, proferir suas esclarecidas aulas, e digam aqueles, as testemunhas de seus inauditos esforços, em não desmerecer dos altos deveres de um mestre de consciência”.

“Tão combalido já andava nos últimos tempos que chegara a solicitar de seus respeitosos alunos que lhe permitissem prelecionar sentado, pois a postura ereta, que sempre fora a sua, já se lhe tornara demasiado penosa”.

“Fez sempre ouvidos moucos aos conselhos dos que o queriam e amavam para restringir a incrível atividade profissional e didática. Eram-lhe o trabalho e o estudo preciosos lenitivos, que em vida soubera encontrar”.

“Foi-lhe a Escola Paulista a menina dos olhos. Para tê-la sempre à vista e mais próxima de seu magnânimo coração, transferiu e edificou sua residência em terreno fronteiriço ao Hospital...”

 

Fontes bibliográficas:

Bastos, C.O. José Barbosa Correa (1899-1948) in A Escola Paulista de Medicina – Dados Comemorativos de seu 40º Aniversário (1933-1973) e Anotações Recentes. Organizador: José Ribeiro do Valle. Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1977, pp.171-174. 

Acervo do Jornal O Estado de São Paulo. Edição de 26 de novembro de 1939.  

 


quinta-feira, 13 de junho de 2024

Biografia de Edgar de Melo Mattos Barrozo do Amaral (1904-1974)


A partir de texto de Wilson da Silva Sasso

 

          Edgar de Melo Mattos Barrozo do Amaral formou-se em 1925 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, tendo se doutorado um ano depois pela mesma faculdade. Em 1931, foi contratado como Assistente de Biologia no Serviço de Febre Amarela da Fundação Rockfeller. De março a dezembro de 1933, fez estágio na Fundação Curie.

          Em 1934, trabalhou com André Dreyfus, como Segundo Assistente da Cátedra de Histologia e Embriologia da Escola Paulista de Medicina. Em maio de 1935, foi nomeado Primeiro Assistente, em substituição a Nelson Planet. Em 1936, foi convidado para o cargo de Assistente de Biologia Geral, da recém-inaugurada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Em 1937, deixou o cargo de Primeiro Assistente para substituir a Dreyfus e ser contratado pela Escola Paulista de Medicina como Professor Catedrático de Histologia e Embriologia, cargo esse que ocupou até 1952. Até essa época, Barrozo do Amaral havia sido o único professor que havia permanecido contratado pelo transcorrer de dezoito anos em uma escola médica brasileira.

          Nesse ano de 1952, o Prof. Barrozo do Amaral afastou-se da Escola Paulista de Medicina a fim de poder colaborar na formação da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, tendo sido o seu primeiro professor de Histologia. Nesse processo de formação da Faculdade, foi realçada a sua participação direta na contratação de cinco professores estrangeiros para as Cadeiras de Anatomia, Histologia, Patologia, Psicologia Médica e Fisiologia, sendo que dois deles, os professores Fritz Koeberle de Patologia e Lucien Lison de Histologia e Histoquímica permaneceram como Professores Titulares na Faculdade.

          Nos dezoito anos em que o Prof. Barrozo do Amaral ocupou a Cátedra de Histologia e Embriologia da Escola Paulista de Medicina, devem ser destacados os doutorados realizados sob sua orientação, dos ex-alunos da EPM José de Paula e Silva, que fez a primeira Tese de Doutorado da EPM, e do Dr. Wilson da Silva Sasso. Ambos eram Assistentes da Histologia no ano de seu afastamento, em 1952.

         Durante o seu período de magistério fez parte das bancas de diversos concursos: 1 - de Nylceo Marques de Castro, para Livre-Docência da EPM, Livre-Docência na Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP, e para a Cátedra da EPM; 2 – de Lucien Lison, para a Cátedra da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP; 3 – de Octavio Della Serra, para Livre-Docência e Cátedra na Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP; 4 – de Clodoaldo Pavan, para Livre-Docência na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP; 5 – de Fernando Aberceb, para a Livre-Docência na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia; 6 – de Bruno Alípio Lobo, para Livre-Docência na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro; 7 – de Luiz Carlos Uchôa Junqueira, para Livre-Docência e Cátedra da Faculdade de Medicina da USP; 8 – de Eduardo Ozório Cisalpino, para Livre-Docência na Faculdade de Farmácia e Odontologia da UFMG; 9 – de Milton Picosse, para a Livre-Docência na Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP; 10 –  de Wilson da Silva Sasso, para a Livre-Docência na Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP.

          Em 1939, concomitantemente a seu trabalho na EPM, o Prof. Barrozo do Amaral prestou concurso de Livre-Docência de Histologia na Faculdade de Medicina da então designada Universidade do Brasil.

         Em 1940, o Prof. Barrozo do Amaral prestou concurso para a Cátedra de Histologia e Embriologia da Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP. Até se aposentar nessa Faculdade, em 1961, foram seus assistentes: Nylceo Marques de Castro, na Histologia e Embriologia da EPM; Wilson da Silva Sasso no Instituto de Ciências Biomédicas da USP e na EPM; José Merzel, na Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Unicamp; Roberto Domingos Andreucci na Faculdade de Odontologia de São José dos Campos; Eduardo Katchburian, na Faculdade de Medicina da Universidade de Londres.

          Em relação à sua linha de pesquisa, se destacam trabalhos sobre a origem das células intersticiais do ovário e do testículo, que resultaram em suas teses para Livre-Docência e para a Cátedra. A primeira foi defendida na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil e intitulada “Células do Hilo do Ovário (células de Berger)” e representa a primeira tese brasileira onde foram utilizados métodos histoquímicos. A segunda também fez uso de métodos histoquímicos, intitulada “Contribuição para o estudo da origem e natureza das células de Leydig”.  Esta foi apresentada no Concurso para Cátedra de Histologia e Embriologia da Faculdade de Farmácia e Odontologia da USP.

         O Prof. Barrozo do Amaral colaborou ainda para a instalação da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, onde ocupou o cargo de Diretor por dois anos.

         Conforme informação do Prof. Sasso, o Prof. Barrozo do Amaral tinha espírito inquieto e entusiasta pela docência e pela organização universitária, de modo que sabia guiar e estimular seus alunos no estudo da Histologia.   

 

Fonte Bibliográfica:

Sasso, W. S. Edgard de Melo Mattos Barrozo do Amaral in A Escola Paulista de Medicina – dados comemorativos de seu 40º aniversário (1933-1973) e anotações recentes. José Ribeiro do Valle (org). Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, São Paulo, 1977, pp. 167-170.                                                                                                                                        

      

 

          

 

      

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Origem do Emblema da Escola Paulista de Medicina



Origem do Emblema da Escola Paulista de Medicina

Fonte bibliográfica: 
Borges, Durval Rosa. De Quanto Tal Viagem Pede e Manda. Volume 6 da Série Fragmentos de Memória (1969-1975). Kato Editorial, 2019, p. 158.