A partir de texto do Prof. Wilson da Silva Sasso
Nylceo Marques de
Castro nasceu em 6 de novembro de 1919 na cidade de Santos, estado de São
Paulo. Lá fez cursos primário e secundário. Ingressou na Escola Paulista de
Medicina em 1940, tendo se formado em 1945.
Desde o ano de
1941 até sua formatura, foi monitor da Cadeira de Anatomia Descritiva e Topográfica,
então sob o comando do Prof. Dr. João Moreira da Rocha. Depois de formado, foi
nomeado segundo assistente da Cadeira, onde organizou, com o apoio do Prof.
Moreira da Rocha, a Seção de Neuroanatomia. Nesta Seção, trabalhou
intensivamente durante quatro anos. Quando de seu afastamento, deixou perto de 6
mil lâminas correspondentes a cortes de vários troncos cerebrais. Ainda quando
no Departamento de Anatomia, preparou grande número de crânios, que passaram a
fazer parte do acervo da “Coleção de Crânios da Escola Paulista de Medicina”.
Preparou também,
sobrepujando todas as deficiências materiais do momento, numerosos cortes de
hemisférios cerebrais, sempre movido pela vontade incontida de melhorar o
ensino e o aproveitamento dos alunos.
Em 1949, foi
indicado, pelo Prof. Edgard Mello Mattos Barrozo do Amaral, para exercer as
funções de assistente na Cadeira de Histologia da Faculdade de Farmácia e
Odontologia da Universidade de São Paulo, cargo que ocupou até 1959, quando se
transferiu para a Cadeira de Histologia da Faculdade de Farmácia e Odontologia
de São José dos Campos, onde, na qualidade de professor, permaneceu até a época
de seu falecimento.
Em 1950, foi
nomeado, pelo Prof. Barrozo do Amaral, como primeiro assistente de Histologia Geral
da Escola Paulista de Medicina, cargo que ocupou até maio de 1952. Nesta data,
foi indicado pelo Conselho Técnico Administrativo para exercer as funções de Professor
Contratado, incumbido da regência da Cadeira.
Em 1949, candidatou-se
à Livre-Docência de Anatomia da Escola Paulista de Medicina, recebendo os
títulos de Doutor em Medicina e Livre-Docente de Anatomia.
Da mesma forma, em
abril de 1951, candidatou-se à Livre-Docência da Histologia da Faculdade de
Farmácia e Odontologia da Universidade de São Paulo, onde foi aprovado com
distinção.
Em abril de 1955,
candidatou-se à Cátedra de Histologia e Embriologia da Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade de São Paulo, recebendo naquela ocasião o título de
Livre-Docente da referida Cadeira.
Em 1961, após
concurso de títulos e provas, foi nomeado Professor Catedrático de Histologia e
Embriologia da Escola Paulista de Medicina.
Em 1965, então
Professor Titular da Disciplina de Histologia e Embriologia da Escola Paulista
de Medicina, por sugestão do Prof. Renato Locchi, Regente da Disciplina de
Anatomia, foi eleito Chefe do recém-formado Departamento de Morfologia, cargo
que exerceu até o início de suas funções de Diretor da Escola Paulista de
Medicina, em 1968.
Paralelamente à
sua carreira universitária e suas atividades administrativas, o Prof. Marques
de Castro desenvolveu intensa atividade científica, conforme atesta sua lista
de trabalhos publicados, cerca de quarenta [conforme os moldes da época em que
o Prof. Sasso escreveu isso], não só em nosso meio, como em revistas internacionais
da especialidade. Neste particular, o Prof. Sasso, em seu relato biográfico,
salientou as pesquisas realizadas pelo Prof. Nylceo no campo do “sexo genético”.
Destacou o “primeiro trabalho publicado na literatura internacional” onde é relatado
o diagnóstico do sexo genético em material humano normal e patológico, tendo
sido padronizada a pesquisa do “cromolema sexual” em núcleos de fibras
musculares lisas, o que lhe valeu o prêmio “Oscar Freire” de Medicina Legal do
ano de 1956.
Numerosas foram também
suas pesquisas sobre “Histologia Comparada”, onde teve oportunidade de
demonstrar a relação entre estrutura e função em órgãos ainda pouco estudados.
Prof. Nylceo
também fez estágio de aperfeiçoamento no Instituto Gustave Roussy, da
Universidade de Paris, sob a supervisão do Prof. Charles Oberling.
Ainda em sua
atividades científicas, o Prof. Nylceo de Castro teve a oportunidade de
orientar numerosas teses e trabalhos de pesquisa. Diversos foram os professores
formados sob sua orientação, entre eles: José Cassiano de Figueiredo, Chefe do
Departamento de Morfologia da Escola Paulista de Medicina; Wilson da Silva Sasso,
Professor Titular de Histologia da Escola Paulista de Medicina e Chefe do Departamento
de Histologia e Embriologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade
de São Paulo; José Merzel, Professor Titular de Histologia da Faculdade de
Odontologia de Piracicaba; Hisakazu Hayashi, Chefe e Professor Adjunto da
Disciplina de Embriologia da Escola Paulista de Medicina; Irineu Pontes
Pacheco, Professor Adjunto do Departamento de Morfologia e Chefe do Setor de
Microscopia Eletrônica da Escola Paulista de Medicina; Roberto D. Andreucci,
Chefe do Departamento de Morfologia da Faculdade de Odontologia de São José dos
Campos.
O Prof. Marques de
Castro também foi um dos criadores do Curso Biomédico da Escola Paulista de
Medicina.
Ainda exercendo as
funções de Diretor da Escola Paulista de Medicina, faleceu tragicamente em acidente
marítimo em janeiro de 1970.
Assim se encerra o
texto que foi escrito pelo Prof. Sasso sobre o Prof. Nylceo de Castro.
O jornal “Folha de
São Paulo” de 17 de janeiro de 1970 noticiou a morte do Prof. Nylceo Marques de
Castro. Informa o texto que ele morreu afogado no dia 14 de janeiro de 1970, na
baía de Trapandé, em Cananeia, litoral sul de São Paulo, quando seu barco virou
devido à violência das ondas. Duas outras pessoas que navegavam juntas, o professor
da EPM, Oscar Portugal, e o sr. Igílio dos Santos, conseguiram agarrar-se ao
barco, e no dia seguinte alcançaram a praia de Pedrinhas, após dez horas, na
Ilha Comprida, distante muitos quilômetros do local onde a embarcação virou.
Ali pediram socorro e mobilizaram autoridades dos municípios de Iguape e Cananeia.
O barco virou às 22:30 de quarta-feira, dia 14, quando os três tripulantes
tentavam atravessar a baía de Trapandé, na pequena embarcação com motor de popa,
pois queriam chegar a Ilha Comprida. O barco teria virado pela ação de grandes
ondas, e, conforme o texto, o Dr. Nylceo teria desaparecido em seguida. Depois
de alertadas, as autoridades procuraram pelo corpo do Dr. Nylceo, que só foi
encontrado no dia 16 de janeiro, próximo a Iguape, tendo sido removido para o
necrotério desse município.
A Escola Paulista
de Medicina designou uma comissão formada pelos médicos Oswaldo Ramos, José
Cassiano Figueiredo e Marcelo Pio da Silva para ir a Iguape a fim de acompanhar
a remoção do corpo do Dr. Nylceo para a Capital. Segundo informações da EPM, o
corpo chegaria às 23:30 horas do dia 16 e seria velado no salão nobre da EPM.
Ainda informou o
jornal Folha de São Paulo que o Prof. Nylceo Marques de Castro nasceu em Santos a
6 de novembro de 1919, e tinha, portanto, 51 anos. Formou-se em Medicina pela
EPM em 1945 e foi o primeiro aluno da EPM a se tornar Diretor da Escola em maio
de 1968, substituindo o Prof. José Maria de Freitas. Antes de assumir a direção
foi catedrático da Cadeira de Morfologia. Na sua mocidade foi campeão
universitário de Remo e Natação e sempre foi apaixonado pelos esportes aquáticos.
Conforme informações do Dr. Abel Pereira de Souza Junior, ex-aluno da EPM na época em
que o Prof. Nylceo era Diretor, na ocasião do acidente o Prof. Prates (depois
também foi Diretor) disse que o Prof. Nylceo teria ajudado a salvar o Prof.
Portugal, mas não conseguiu salvar a si próprio, pois estava com um braço quebrado e
esgotado.
Ainda conforme o
Dr. Abel, O Prof. Nylceo assumiu a Diretoria da EPM em um momento de crise, em
1968, quando o então Diretor, José Maria de Freitas foi demitido. Foi criada
então uma Comissão Paritária com Professores, Funcionários e Alunos, a qual
realizou a primeira reforma curricular que modernizou a grade e estrutura
administrativa da EPM, dando, portanto, um grande salto para a Escola ser alçada a
mais altos patamares.
Fontes bibliográficas:
Sasso, W. S. - Nylceo Marques de Castro in A Escola
Paulista de Medicina – Dados Comemorativos de seu 40º Aniversário (1933-1973) e
Anotações Recentes. Organizado por José Ribeiro do Valle. Empresa Gráfica da Revista
dos Tribunais, 1977, págs. 204-207.
Acervo do jornal Folha de São Paulo – publicação de 17 de janeiro
de 1970.
Depoimento do Prof. Dr. Abel Pereira de Souza Junior,
ex-aluno da Escola Paulista de Medicina, da 36ª Turma (formado em 1973), sobre dados biográficos
do Prof. Nylceo Marques de Castro.
Tenho profunda admiração pelo Professor Nylceo Marques de Castro. Registrar essa biografia é uma merecida homenagem. Fui aluno dele em 1963 com meus colegas da Turma T68 e depois como monitor da Anatomia frequentei a Histologia onde o Prof. Nylceo nos orientava sobre Neuroanatomia cofiando sua barba e uma vez nos levou ao 3º andar do Edif. Lemos Torres onde nos mostrou o barco (fatídico). Como residente de Neurologia do Hospital São Paulo, no 2º ano em janeiro de 1970 acompanhei muito triste a chegada do corpo. Salve Prof. Nylceo sempre presente em nossa memória.
ResponderExcluir