Baseada em texto de Armando Canger Rodrigues
Almeida Junior
nasceu em Joanópolis, Estado de São Paulo, aos 8 de junho de 1892, filho de
Antônio Ferreira de Almeida e de Otília Caparica Ferreira de Almeida. Sua mãe
faleceu quando tinha apenas quatro anos de idade. Esse fato e o segundo casamento de seu pai
devem ter contribuído para ter sido criado pelos avós, Anselmo e Bruna
Caparica. Isso o tornou independente ainda muito jovem.
Iniciou os seus
estudos primários em sua cidade natal, concluídos em 1905 no Segundo Grupo
Escolar do Brás (chamado Eduardo Prado nos anos 1970, quando da escrita desta
referência bibliográfica), na Capital de São Paulo. Prestou, em 1906, exame de
suficiência na Escola Normal Secundária da Praça da República, após curso
preparatório noturno, diplomando-se professor normalista.
Em 4 de abril de
1910, iniciou a sua carreira de professor no magistério oficial, lecionando
primeiramente na Escola Isolada da Ponta da Praia, em Santos. Cerca de um mês
depois, foi nomeado para a Escola Modelo em São Paulo, anexa à Escola Normal da
Praça da República, tendo sido designado para reger a 1ª série do Curso
Complementar. Lecionou francês e pedagogia na Escola Normal de Pirassununga de
1911 a 1915. Em 1913, a fim de aprimorar os seus conhecimentos, viajou para a
Europa. Na França teve contato com George Dumas, o que foi importante para sua
vida.
Foi professor na
Escola Noturna para Meninos Operários no Instituto Disciplinar de 1915 a 1919.
Terminando o curso
secundário no Ginásio do Estado (chamado Colégio Estadual de São Paulo nos anos
1970), submeteu-se aos exames vestibulares na Faculdade de Medicina e Cirurgia
de São Paulo e, aprovado, matriculou-se no Curso Médico em 1916, o qual
terminou em 1921. Já portador de amplos conhecimentos humanísticos e de homem
vocacionado para o ensino, escolheu para tema de sua tese de doutoramento o
tema “O Saneamento pela Educação”, obtendo com grande distinção o título de
Doutor ao formar-se, conforme era a norma da época.
Como bolsista da
Fundação Rockfeller, logo tornou-se assistente extranumerário do Instituto de
Higiene (nos anos 1970 chamada Faculdade de Higiene da Universidade de São
Paulo).
Em 1919,
desempenhou funções de Auxiliar do Diretor Geral do Ensino, chefiando o 1º
Recenseamento Escolar do Estado de São Paulo e, em 1920, passou a reger a
Cadeira de Biologia e Higiene da Escola Normal do Brás (nos anos 1970, Instituto
de Educação Padre Anchieta).
Nessa ocasião,
conheceu sua aluna Maria Evangelina de Almeida Cardoso, filha de Francisco de
Almeida Cardoso e de Rita Evangelina de Almeida Cardoso, com quem se casou no
dia 24 de fevereiro de 1922, e de cujo matrimônio nasceu, em 1923, seu único
filho, Dr. Roberto Luiz Ferreira de Almeida, Promotor Público na Capital de São
Paulo.
Almeida Junior
exerceu as funções de Diretor do Liceu Nacional Rio Branco, hoje Colégio Rio
Branco, de 1928 a 1933, onde lecionava Física, Química e História Natural.
Defendendo a tese
“O exame médico pré-nupcial” na Faculdade de Direito de São Paulo, conquistou,
em 1928, o título de livre-docente da cadeira de Medicina Pública, depois
chamada Medicina Forense, naquela Faculdade.
Em 1933, reuniu-se
a uma plêiade de professores desejosos de ensinar medicina aos jovens de São
Paulo, que se evadiam para escolas de outros Estados, face ao insuficiente
número de vagas na única Faculdade de Medicina existente na época em São Paulo.
Chefiado por
Octavio de Carvalho, e juntamente com outros médicos ilustres, assinou o
Manifesto da Escola Paulista de Medicina, publicado em 1º de junho de 1933, nos
jornais de São Paulo.
No mesmo ano de
1933, foi transferido da Escola Normal do Brás para o Curso de Aperfeiçoamento
do Instituto Caetano de Campos, chefiou o Serviço de Saúde Escolar do Estado e
participou da elaboração do Código de Educação.
O Conselho
Nacional de Educação, nesse mesmo ano, aceitou seu nome para o cargo de
Professor da Cadeira de Medicina Legal da Escola Paulista de Medicina.
Sobre ele, seu
discípulo Costa Junior afirmou:
“Mestre
consagrado, figura ímpar de educador e de didata primoroso, dotado de invulgar
capacidade de trabalho e de larga visão, não somente acerca dos temas
médico-legais, como, também, a respeito do ensino em quaisquer dos seus graus.
Expunha com arte e sabedoria a matéria lecionada, jamais de esquecendo de
aproveitar todas as oportunidades para estimular, nos alunos, o cumprimento do
dever e os mais puros sentimentos de brasilidade”.
Em 1934,
participou da Comissão que organizou o plano da Universidade de São Paulo e,
fundada esta, tomou parte na elaboração dos estatutos, sendo então eleito
membro do primeiro Conselho Universitário. De 1934 a 1941 integrou a
Congregação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São
Paulo.
Propôs, em 1935,
juntamente com outros educadores, o questionário que serviu de ponto de partida
para a elaboração do Plano Nacional de Educação, previsto na Constituição
Federal de 1934. De 1934 a 1938 exerceu o cargo de Diretor Geral de Ensino do
Estado de São Paulo, projetando amplo programa de construções escolares.
Ao lado de
Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Anísio Teixeira e Cecília Meireles, foi um
dos autores do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, em defesa do ensino
e da reorganização da educação em consonância com a realidade brasileira.
No ano de 1941,
prestou concurso para a Cátedra de Medicina Legal da Faculdade de Direito do
Largo de São Francisco, classificando-se em primeiro lugar.
Participou de
política partidária, tendo sido presidente da União Democrática Nacional (UDN)
nos biênios de 1951-52 e 1953-54. Essa faceta política foi considerada por
familiares e amigos como dissonante e frustrante em sua trajetória.
No período de 1944
a 1969, foi membro do Conselho Penitenciário do Estado e Secretário da Educação
e Saúde, tendo sido Membro e Relator Geral da Comissão que elaborou o primeiro
anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Integrou, de 1949
a 1957, o Conselho Nacional de Educação, sendo, em 1955, nomeado membro do Conselho
Estadual de Ensino Superior.
Em 1959, foi
eleito, pela classe médica, como membro efetivo do Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo, cumprindo o mandato até 1964, onde se destacou
pelas suas decisões e pareceres. De 1962 a 1967, foi membro do Conselho Federal
de Educação, sendo que, em 1962, aposentou-se nas cadeiras de Medicina Legal da
Escola Paulista de Medicina e na Faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo.
Recebeu do Governo
do Estado de São Paulo, em 1962, o título de Servidor Emérito do Estado e a
Escola Paulista de Medicina outorgou-lhe o título de Professor Emérito, título
igual ao que obteve da Faculdade de Direito em 1964.
Almeida Junior possuía
mais os seguintes títulos: Grande Oficial da Ordem do Mérito Educativo; Doutor honoris causa pela Universidade
Mackenzie; sócio titular, benemérito e honorário da Sociedade de Medicina Legal
e Criminologia de São Paulo; Sócio fundador da Sociedade Paulista de História
da Medicina; sócio fundador da Sociedade Paulista de Medicina Social e do
Trabalho; membro correspondente da Associação Médica Argentina – Seção de
Medicina Legal e Toxicologia; sócio honorário da Academia Brasileira de
Ciências Médicas Sociais; sócio honorário da Associação de Administradores
Escolares; sócio fundador da Associação dos Cavaleiros de São Paulo e sócio
honorário do Centro Acadêmico Pereira Barreto. Recebeu o Prêmio de Educação
Visconde de Porto Seguro em 1957 e o Prêmio Moinho Santista no setor de Ciência
da Educação, em 1970. Foi agraciado com as medalhas Oscar Freire e Nina
Rodrigues, além de várias placas de prata oferecidas por agremiações
universitárias e turmas de ex-alunos.
Proferiu
conferências, escreveu livros, artigos e pareceres não só no campo da Medicina
Legal, mas da Medicina Social, Educação, Higiene, Anatomia e Fisiologia,
Biologia e da Puericultura. A sua obra prima, ao nosso ver, é o livro didático,
destacando-se “Lições de Medicina Legal”, surgido em 1948, e em onze edições
sucessivas até 1974, as últimas com a colaboração de J. B. de Oliveira e Costa
Junior, livro de texto adotado e manuseado com muita frequência em Medicina
Legal na Escola Paulista de Medicina.
Estes são seus
principais livros: Cartilha de Higiene (1922); Noções de Puericultura (1927);
Escola Pitoresca (1934, 1951 e 1966); Biologia Educacional: Noções Fundamentais
(22 edições de 1931 a 1969); Lições de Medicina Legal (1948, chegou à 20ª
edição); Problemas do Ensino Superior (1956); Escola Primária (1959); Manifesto
dos Educadores Democratas em Defesa do Ensino Público (1959).
Conforme consta no
site da Academia de Medicina de São Paulo: “Antônio Ferreira de Almeida Junior
faleceu 4 de abril de 1971, na cidade de São Paulo, com 79 anos incompletos.
Seu nome é honrado como patrono da cadeira nº 35 da augusta Academia de
Medicina de São Paulo; patrono da cadeira nº 4 da Academia Paulista de
Psicologia; e patrono da cadeira nº 17 da Associação dos Funcionários Públicos
do Estado de São Paulo – AFPESP. Também dá nome a uma escola pública na cidade
do Guarujá (SP), no bairro Tejereba, e uma rua na cidade de São Paulo, no
bairro Vila Guarani.
Referências bibliográficas:
1 - Antônio Ferreira de Almeida Junior, por Armando Canger
Rodrigues in A Escola Paulista de
Medicina – Dados Comemorativos de seu 40º Aniversário (1933-1973) e Anotações
Recentes. José Ribeiro do Valle – Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, São
Paulo, 1977, páginas 37-41.
2 - Antônio Ferreira de Almeida Junior, por Hélio Begliomini.
Site da Academia de Medicina de São Paulo, conforme o acesso abaixo referido
http://www.academiamedicinasaopaulo.org.br/biografias/305/BIOGRAFIA-ANTONIO-FERREIRA-DE-ALMEIDA-JUNIOR.pdf
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