Baseada em texto de Dino Carlos Bandiera
Antônio Prudente
nasceu aos 8 de julho de 1906 em São Paulo e faleceu aos 17 de setembro de 1965
no Rio de Janeiro. Fez seus estudos secundários no Colégio São Bento e o Curso
Médico na Faculdade de Medicina de São Paulo, tendo se formado na turma de
1928. Após a formatura, dedicou toda a sua existência ao ensino médico,
principalmente à formação de Cancerologistas e à luta contra o câncer no
Brasil.
Em 1929, defendeu
tese inaugural de doutoramento aprovado com grande distinção, sobre “Tratamento
dos Fibromiomas Uterinos”. Nesse mesmo ano, seguiu para Berlim, onde, durante
dois anos, no Serviço de Franz Kaiser, preparou-se e adquiriu grande
experiência no tratamento cirúrgico de neoplasias malignas.
Em 1933 iniciou a
mobilização da opinião pública, através de uma série de artigos publicados em
“O Estado de São Paulo”, sobre o problema do câncer. Foi em 1934, por ocasião
do banquete oferecido ao Prof. Antônio Cândido de Camargo, que na época se
aposentava, que conseguiu grande número de assinaturas de médicos presentes, o
que tornou possível a fundação da Associação Paulista de Combate ao Câncer. As
dificuldades para arrecadação de fundos, no início, foram enormes. Graças, porém,
a relações pessoais com o Comendador José Martinelli, obteve do mesmo, donativo
substancial. Foram iniciadas então, em 1946, as famosas campanhas contra o
câncer, que não só esclareceram o público, como também proporcionaram fundos
para a compra do terreno e construção do Instituto Central. E, assim, em 1948,
foi instalada a Primeira Clínica de Tumores da Associação Paulista de Combate
ao Câncer, no Hospital Santa Cruz. Nessa Clínica, foram preparados médicos para
mais tarde assumirem as respectivas funções no Instituto Central.
A construção do
Instituto Central, primeira obra particular no gênero em nosso país, foi
realizada graças ao sucesso obtido com as campanhas de fundo, sendo possível a
sua inauguração em abril de 1953.
O trabalho dedicado
ao estudo do projeto e a fiscalização da construção, assim como à seleção do
equipamento sob a máxima economia, dificilmente poderá ser relatado. O
Instituto Central logo se tornou Centro de Ensino, onde se formaram
cancerologistas hoje em atividade no país.
A dedicação de
Antônio Prudente, secundado pela atividade sem par de sua esposa Dona Carmen
Annes Dias Prudente, permitiu manter bem alto o padrão da Instituição. Exerceu
em dois períodos as altas funções de Diretor do Serviço Nacional de Câncer.
Suas atividades na luta contra esse flagelo não se limitaram ao Brasil. No
terreno internacional teve ação permanente, desde 1947, quando foi designado
Membro da Comissão Diretora da União Internacional Contra o Câncer. Ocupou
vários cargos nessa organização, e a ele se deve não ter havido cisão entre
elementos europeus e americanos da Entidade.
Em 1950, durante o
Congresso de Paris, foi eleito Presidente do VI Congresso Internacional de
Câncer. Apesar das dificuldades inerentes ao nosso meio, pode realizar, em São
Paulo, Congresso de tal repercussão que foi considerado pela Unesco o mais
organizado Congresso do ano.
Neste Congresso,
realizado em 1954, data da comemoração do IV Centenário da Fundação da Cidade
de São Paulo, estiveram representados 54 países; contou com cerca de 1200
congressistas.
Antônio Prudente
participou ainda, como Delegado do Brasil, dos Congressos Internacionais de
Câncer de Madrid (1933), Bruxelas (1936), Estados Unidos (1947), Paris (1950),
Bombaim (1956), Londres (1958) e Tóquio (1960). Quanto à sua atividade didática
devemos assinalar que em 1931 foi nomeado Assistente da Cadeira de Técnica
Cirúrgica da Faculdade de Medicina, onde cooperou com Benedito Montenegro no
curso regular dado anualmente até 1934.
Em 1935 foi
escolhido professor da Cadeira de Cirurgia Reparadora e Plástica da Escola
Paulista de Medicina, sendo também um dos professores fundadores da EPM.
Em 1939, tornou-se
Docente de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade do
Brasil, após concurso de Títulos e Provas, tendo defendido na ocasião a tese “Reparação
no Câncer”.
Proferiu, como
convidado, aulas em várias Faculdades de Medicina do Brasil, tais como Nacional
de Medicina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Universidade de São
Paulo, Bahia, Pernambuco. Ainda como convidado, proferiu aula na Faculdade de
Medicina de Paris, New York, Buenos Aires, Montevideo, Assunção, Rosário de
Santa Fé, Santiago do Chile, Lima, México, Chicago, Saint Louis, New Orleans,
Tóquio, Cairo, Berlim e Roma.
Tomou parte em
várias Bancas Examinadoras de Concursos para Catedráticos e Docentes de Clínica
Cirúrgica, Técnica Cirúrgica, Ortopedia e Ginecologia, em várias Faculdade
Médicas do país. Entre cargos e funções exercidas convém destacar: 1º Diretor
Presidente do Instituto Central do Câncer de São Paulo, Vice-Presidente da Pan-Pacific
Surgical Society, Membro da Comissão Diretora e Vice-Presidente da Union
Internationale contre le Cancer, Presidente da Sociedade Latino-Americana de
Cirurgia Plástica, Presidente do 1º Congresso Latino-Americano de Cirurgia
Plástica.
Publicou cerca de
200 trabalhos em revistas médicas nacionais e estrangeiras, alguns dos quais constituíram
contribuições originais, por exemplo, referentes ao tratamento hormonal do
câncer de mama, à amputação interescápulo-torácica, transplantes livres de
músculo, ligadura da aorta abdominal, melanoma maligno, regeneração de tecidos.
Publicou sete livros entre os quais Nouvelles Techniques Operatoires dans la
Chirurgie du Cancer, Masson & Cia, Paris 1951, teve grande repercussão.
Pertenceu a 26 sociedades científicas das quais 13 estrangeiras.
Fonte bibliográfica:
Escola Paulista de Medicina - 40 anos - e fatos recentes. José Ribeiro do Valle, 1977.
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