sábado, 17 de dezembro de 2016

Lemos Torres - Sessão de Homenagem - 1942


Homenagem à memória do professor Lemos Torres

(Texto do jornal "O Estado de São Paulo", 20 de fevereiro de 1942)

Homenagem à memória do professor Lemos Torres

A sessão solene ontem realizada pela Escola Paulista de Medicina, em homenagem à memória do professor Álvaro de Lemos Torres – Palavras dos professores José Inácio Lobo e Alípio Correia Neto e do acadêmico José Salvador Julianelli.
     Revestiu-se de excepcional significação a homenagem ontem prestada pela Escola Paulista de Medicina à memória de seu saudoso diretor, prof. Álvaro de Lemos Torres, vítima de um acidente, há cerca de um mês.
     Presentes todos os membros da congregação da Escola, representantes oficiais e inúmeros médicos, estudantes, amigos e admiradores daquele mestre, teve início a sessão solene, cujos trabalhos foram abertos pelo prof. Álvaro Guimarães, vice-diretor do mesmo estabelecimento de ensino. Depois de referir-se à obra realizada pelo prof. Lemos Torres, cuja personalidade enalteceu, pediu ao prof. Jorge Americano, reitor da Universidade de São Paulo, para assumir a presidência da sessão, o que foi feito sob palmas.

Discurso do Professor José Inácio Lobo

     Depois de agradecer a indicação do seu nome para a presidência da sessão, o professor Jorge Americano deu a palavra ao orador oficial da congregação, professor José Inácio Lobo, que proferiu um discurso do qual destacamos alguns tópicos.
     Disse inicialmente:
     “Diante do desaparecimento dessa figura extraordinária que foi Álvaro de Lemos Torres, mais caberia uma atitude de recolhimento que de exteriorização”.
     “Mas as coletividades, como os indivíduos, quando acometidos por uma desgraça, buscam, no desabafo dos seus sentimentos, um sedativo para suas aflições”.
     “E por isso aqui hoje nos reunimos, ainda sob a impressão dolorosa da morte de nosso Mestre e Diretor, para prestar à sua memória o tributo da nossa homenagem, do nosso reconhecimento, da nossa amizade”.
     “A morte de per si não engrandece – disse ele certa vez, pois fiel a esse conceito, que é verdadeiro, atenho-me, para traçar-lhe o panegírico, a enumeração singela dos atos de sua vida de médico, professor e cidadão”.
     Traçando ligeira biografia do ilustre extinto, assim se exprimiu o professor Inácio Lobo:
     “Possuindo decidida vocação o magistério, aqui viveu a vida da nossa então incipiente Faculdade de Medicina, acompanhou o seu desenvolvimento, renovou voluntariamente todo o seu aprendizado médico, tomando parte integrante nos cursos das disciplinas fundamentais, a várias das quais emprestou aliás a sua ajuda, como as de Anatomia, Histologia, Anatomia Patológica, Parasitologia”.
     “Todos estes estudos e trabalhos realizava-os para alicerçar os conhecimentos da Clínica Médica, que sempre cultivou com entusiasmo”.
     “Com seu ingresso no Serviço do Prof. Rubião Meira em 1916, começa, por assim dizer, a fase brilhante de sua carreira de médico e professor”.
     “Graças ao espírito liberal que sempre norteou aquela cátedra, pôde Lemos Torres revelar sua capacidade de trabalho e seus dotes de pesquisador”.
     “Convencido de que a Propedêutica é a base de todo o conhecimento clínico, passava as manhãs inteiras na enfermaria, onde examinava cada doente, com apuro e minúcias, procurando, em cada caso, concatenar logicamente os resultados de seu exame, para, de acordo com os dados da Patologia, chegar a uma conclusão segura. O diagnóstico de uma doença é consequência do exame objetivo do próprio doente; por isso, Lemos Torres gostava de repetir que “mais vale errar tendo examinado, do que acertar por mera impressão”.
     “Datam desses tempos memoráveis discussões sobre casos clínicos difíceis, que ele levou às sociedades médicas, expondo-as às críticas de seus pares”.
     “Ele foi sempre a negação do dogmatismo. Podia ter sido rude diante de um raciocínio ilógico e, certamente, agressivo, diante de um subterfúgio ou da sonegação da verdade, mas nunca recusou a crítica honesta, e sempre acatou o parecer que se demonstrasse acertado, partisse embora de um principiante”.
     “Sua perseverança no trabalho e no estudo e a excelência da orientação que imprimia ao ensino, logo lhe grangearam renome entre os que se dedicaram à medicina. Não tardou que um grupo de estudantes dele se acercasse, cujo número sempre foi crescendo, e que se chama a escola de Lemos Torres. Sobretudo, por isso, foi ele um homem eficiente, porque deixou discípulos, aos legou uma certa maneira de encarar as coisas, processos de estudo e de exames clínicos, hábitos de crítica e discussão franca, visando somente a verdade e sem preocupação de encobrir o que ignoram”.
     Depois de historiar os acontecimentos científicos mais importantes da vida do professor Lemos Torres, disse o orador:
     “Com uma vida tão intensa, Lemos Torres ainda pode publicar uma série de trabalhos originais do mais alto valor, atinentes a diversos assuntos de medicina interna. Não vou enumerá-los, já que de todos vós são conhecidos; mas, não me furto a dizer que, todos eles, o que trata de ‘novo sinal de derrame pleural’, é de fato qualquer coisa de notável, pois é descoberta sua, fruto do seu poder de observação e de sua capacidade interpretativa”.
     “Os homens de merecimento, enquanto não galgam posição de destaque ou enquanto não têm um renome consolidado, são sempre alvo de hostilidade, silenciosa ou declarada, do meio ambiente. Lemos Torres não foi poupado a esta contingência. Mas, dotado de têmpera invulgar, lutou bravamente, e, por seu próprio valor, conquistou a admiração e o respeito de seus semelhantes”.
     “Tudo quanto foi, e quanto grangeou, deve-o, exclusivamente, aos seus méritos, nunca a recursos excusos ou sequer vulgares”.
     “Esta probidade era a mesma em toda a parte e em todos os aspectos de sua vida, probo no trato individual, probo no exercício profissional, como probo na discussão do assunto científico”.
     “A sua tenacidade no estudo, no trabalho e nos princípios de conduta, valeu-lhe, por fim, o reconhecimento formal de seus colegas quando da criação desta Escola, Lemos Torres foi, por consenso unânime, escolhido para reger uma das cátedras de Clínica Médica; e, quando mais tarde, se buscou, para dirigir esta instituição, um nome que fosse um penhor dos mais elevados propósitos, não se esquivou ele, pouco afeito a encargos desta natureza, em aceitar a responsabilidade de uma tarefa árdua”.
     “O sucesso integral de sua admiração provou que Lemos Torres não era apenas um devotado ao saber, mas era capaz de obras do mais dilatado alcance coletivo”.
     E foram estas as palavras com que o professor José Inácio Lobo encerrou o seu expressivo discurso:
     “Mestre e amigo:
     Quando hoje os teus discípulos, os teus colegas e companheiros relembram os teus feitos e deploram a tua morte, sabes bem que não o fazem pelo formalismo vão que detestavas. A homenagem que à tua memória prestamos deriva do reconhecimento dos teus méritos e da amizade que te votamos e que nós mesmos não sabíamos ser tão grande!”
     A tua obra não foi improfíqua, porque os frutos que já durante a tua vida produziu, se multiplicarão nos anos de tua ausência terrena.
     Os homens glorificarão  a tua lembrança: que a Providência se amercie do teu espírito.

Palavras do acadêmico José Salvador Julianelli[1]

     Seguiu-se com a palavra o acadêmico José Salvador Julianelli, presidente do Centro Acadêmico “Pereira Barreto”, que, depois de falar da obra e da personalidade do prof. Lemos Torres, disse que os estudantes da Escola não poderiam ficar à margem daquela merecida homenagem ao pranteado diretor da Escola Paulista de Medicina, que eles tanto admiravam.
     “Lemos Torres era um moço – disse – e como tal, um ardente defensor dos ideais da mocidade. Evoco compungido pela dor da separação a figura inigualável do mestre que soube conquistar os corações dos moços pela finura de seu caráter, pela simplicidade de seus atos e pela prodigalidade de seu saber”.
     “Com a constância de seu esforço e com o poder absoluto da vontade em que acreditava e a exercia, galgou a escada da fama. O seu nome é universalmente conhecido e imortalizado pelas inúmeras contribuições que ofertou à ciência de Hipócrates”.
     E, concluindo, declarou o orador:
     “Rendemos a Lemos Torres as homenagens que por direito lhe pertencem como homem, como mestre e como amigo”.

Discurso do Professor Alípio Correia Neto

     Proferiu um discurso, a seguir, o professor Alípio Correia Neto, que disse, inicialmente:
     “O corpo clínico e administrativo do Hospital São Luiz Gonzaga incumbiu-me de representá-lo nesta sessão em que se presta homenagem póstuma ao prof. Álvaro de Lemos Torres, no trigésimo dia de seu infausto falecimento. Os motivos que induziram a Escola Paulista de Medicina a reverenciar chorosa e agradecida o seu falecido diretor correspondem às razões de proceder de forma idêntica os médicos e funcionários do Hospital do Jaçanã”.
     “A Santa Casa de São Paulo teve sempre para resolver um problema sério; sério do ponto de vista social; sério quando humanitariamente encarado. Entram, para as enfermarias dessa benemérita entidade de assistência hospitalar, numerosos casos de doentes atacados de tuberculose pulmonar. Na totalidade são falhos de recursos econômicos e na maioria desesperados de cura. Não podem ser tratados no Sanatório que a Santa Casa mantém em São José dos Campos, porque para ali são enviados aqueles cujo grau de doença é compatível com a assistência senatorial; nas enfermarias gerais, também não poderiam permanecer porque infectariam outros doentes aí recolhidos. Para contemporizar esta situação aflitiva, delineada aqui em traços rápidos, fundou, a Santa Casa, o Hospital de São Luiz Gonzaga, retirado da cidade, mais com o objetivo de permitir aos desafortunados, atacados da peste branca em estado clínico avançado, encontrar na paz bucólica de Jaçanã um pouco de conforto e de consolo em seus últimos dias. Conforto das instalações materiais e consolo instilado nas suas almas pela suave filosofia cristã, que os ampara nesse último reduto da vida".
     “Não venho aqui – continuou o orador – fazer a biografia de Lemos Torres. O que acabo de relatar demonstra a sua alta compreensão da vida. Encarava a sua profissão na mais elevada significação e dava todo o seu esforço para enobrecê-la cada vez mais. A complexa atividade do médico não se atém ao trato dos clientes, neste sacerdócio de que se fala tanto; ele se alevanta nos seus compromissos sociais e espirituais na afanosa luta de melhorar o homem dos sofrimentos físicos e morais. O alcance social e humanístico da atividade do médico se desdobra em apreciáveis resultados positivos quando tem a guiá-la a inteligência e o caráter”.
     “Alma batida dos frios sopros da desventura e acostumada a triunfar destas tempestades por meio de esforço moral obstinado, a alma de Lemos Torres foi temperada de energia, de fortaleza e de cordura. Condenava intransigentemente a má fé, não apoiava o erro, não bajulava o portentado, mas era suave com o infortúnio e melancólico com o sofrimento alheio. Há razões para prestarmos nossa homenagem nesta sessão ao professor Álvaro de Lemos Torres e nós o fazemos comovidos e ainda não de todo refeitos do transe que nos abalou pela sua morte, relembrando esta obra magnífica de ciência e solidariedade humana que é o Hospital do Jaçanã”.
     Usaram ainda da palavra os srs. Jairo Cavalheiro Dias e Décio Fleury da Silveira, ambos evocando episódios da vida de Lemos Torres.
     Por fim, encerrando a sessão, falou o prof. Jorge Americano para se associar, em nome da Universidade de São Paulo, à justa homenagem que estava sendo tributada à memória do diretor da Escola Paulista de Medicina, prof. Lemos Torres, cuja obra e cuja personalidade fora tão dignamente rememorada naquele momento.  





[1] José Salvador Julianelli nasceu na cidade de São Paulo em 29 de março de 1917, filho de Emílio Julianelli e de Conceição Julianelli. Estudou no Colégio Rio Branco. Ingressou na Escola Paulista de Medicina em 1937, onde foi sucessivamente secretário, vice-presidente e presidente do centro acadêmico Pereira Barreto. Em setembro de 1942, durante o 5º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), foi eleito primeiro vice-presidente dessa entidade, na chapa encabeçada por Hélio de Almeida, para o mandato de um ano.
Formou-se em medicina em 1942. Cursou Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia de São Bento, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Durante este curso, foi presidente do centro acadêmico da faculdade e da Federação dos Centros Acadêmicos das Escolas Católicas do Estado de São Paulo. Nesse período também fundou e dirigiu o jornal O Bíceps, da Escola Paulista de Medicina, e uma revista científica.
Em 1954, foi nomeado diretor da divisão de educação extra-escolar do Ministério da Educação e Cultura (MEC). A partir de 1955, no mesmo ministério, exerceu as funções de diretor-geral substituto do Departamento Nacional de Educação e de primeiro-superintendente da Campanha Nacional de Merenda Escolar, da qual foi o criador. Em 1956, tornou-se membro da comissão nacional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a Food and Agriculture Organization (FAO), e foi delegado do Brasil na 4ª Conferência Latino-Americana de Nutrição, promovida por essa organização na Guatemala. Em 1957, chefiou a delegação brasileira no I Seminário Sul-Americano de Alimentação Escolar, em Bogotá. Em 1958, foi nomeado primeiro diretor-executivo da Campanha de Assistência ao Estudante, do MEC, deixando o cargo que exercia na Campanha Nacional de Merenda Escolar. No mesmo ano participou da reunião da Junta Executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em Genebra, Suíça.
Em 1960, encerrou suas atividades na comissão nacional da FAO, quando chefiou a delegação do Brasil às Jornadas Latino-Americanas de Educação e Cultura Popular, em Buenos Aires. Em 1961 fez o curso da Escola Superior de Guerra e, cessando suas atividades como médico, ocupou, a partir desse ano, a presidência do conselho estadual da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade em São Paulo.
Em outubro de 1962, elegeu-se suplente de deputado estadual, pelo Partido Republicano (PR), com o apoio da Aliança Eleitoral pela Família, associação civil de âmbito nacional que mobilizava o eleitorado católico em torno dos candidatos comprometidos com os princípios sociais da Igreja, entre os quais a defesa da propriedade privada e da família, o combate ao divórcio e o repúdio aos extremismos de esquerda e de direita. Nesse ano deixou a função de diretor-substituto do departamento nacional de educação do MEC.
Em 1963, assumiu o mandato na Assembléia Legislativa paulista, exonerando-se da diretoria da divisão de educação extra-escolar do MEC e da diretoria executiva da Campanha de Assistência ao Estudante. Ainda nesse ano afastou-se da Assembléia para exercer até 1964 o cargo de secretário de Saúde e Assistência Social do Estado de São Paulo, no governo de Ademar de Barros (1963-1966).
Após o movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart (1961-1964) e a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, seguida da instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), agremiação política de apoio ao regime militar, criada em princípios de 1966. Nesse ano, afastou-se novamente da Assembléia para ocupar o cargo de chefe do Gabinete Civil do governador paulista Laudo Natel (1966-1967) e passou também a fazer parte do Conselho Estadual de Educação.
Em novembro de 1966, elegeu-se deputado estadual, assumindo o mandato em fevereiro de 1967. Reelegeu-se em novembro de 1970 e presidiu o diretório regional da Arena de 1971 a 1972. Neste último ano exonerou-se da presidência do conselho estadual da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade e, nos anos de 1973 e 1974, foi vice-presidente da Assembléia. Durante seus mandatos, exerceu ainda a presidência da Comissão Especial de Tecnologia, Pesquisa e Ciência e participou da Comissão de Saúde e Turismo.
Em novembro de 1974 elegeu-se deputado federal. Deixando a Assembléia em janeiro de 1975, assumiu seu novo mandato em fevereiro seguinte. Foi presidente da Comissão de Educação e Cultura, suplente da Comissão de Saúde e relator parcial da Comissão Especial de Defesa da Estabilidade da Família Brasileira na Câmara. Nesse mesmo período, foi presidente do Seminário sobre Ensino Superior, realizado em São Paulo, em 1977. Reelegeu-se em novembro de 1978, ainda na legenda arenista, e tornou-se membro do diretório nacional do partido. Com a extinção do bipartidarismo, em novembro de 1979, e a consequente reformulação partidária, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS), agremiação sucessora da Arena. Em outubro de 1981, o Congresso Nacional aprovou sua proposta de emenda constitucional, que permitia às assembleias legislativas dos estados fixarem a remuneração dos deputados estaduais. Ainda nessa legislatura foi membro da Comissão de Educação e Cultura, suplente da Comissão de Saúde e presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Contaminação de Alimentos. Foi reeleito em novembro de 1982.
Na sessão da Câmara de 25 de abril de 1984, faltou à votação da emenda Dante de Oliveira, que propôs o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro daquele ano. Como a emenda não obteve o número de votos indispensáveis à sua aprovação no Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985 — faltaram 22 para que o projeto pudesse ser encaminhado à apreciação pelo Senado Federal —, Julianelli votou em Paulo Maluf, derrotado pelo candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito novo presidente da República pela Aliança Democrática, uma união do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal. Por motivo de doença, Tancredo Neves não chegou a ser empossado na presidência, falecendo em 21 de abril de 1985. Seu substituto no cargo foi o vice José Sarney, que já vinha exercendo interinamente o cargo, desde 15 de março deste ano.
Julianelli deixou a Câmara em janeiro de 1986, ao final da legislatura.
Foi presidente do conselho estadual da Campanha Nacional de Educandários Gratuitos, diretor da Fundação Educacional Leonídio Alegretti, diretor-tesoureiro e vice-presidente da empresa editora do jornal Correio Paulistano e primeiro-secretário da Associação dos Profissionais de Imprensa de São Paulo. Lecionou problemas brasileiros na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Caetano do Sul (SP).
Faleceu no dia 26 de junho de 1990.
Era casado com Maria Aparecida Machado Julianelli, com quem teve três filhos.

 O texto deste apêndice foi embasado no site:
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/julianelli-salvador
Esse site citou as fontes referidas abaixo:
FONTES: CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileirosRepertório (1975-1979 e 1979-1983); Estado de S. Paulo (5 e 23/9/62); Globo (6/1/79, 26/4/84 e 16/1/85); Jornal de Brasília (13/3/77); Jornal do Brasil (22/10/81); NÉRI, S. 16Perfil (1980); POERNER, A. Poder; SOC. BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (6, 8 e 9); Veja (4/7/90); Who’s who in Brazil (1969).

domingo, 20 de novembro de 2016

Imagens do Prof. Dr. Lemos Torres



Fonte: Valle, J. R. - A Escola Paulista de Medicina - Dados Comemorativos de seu 40º Aniversário (1933-1973) e Anotações Recentes - Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1977. 

sábado, 29 de outubro de 2016

Impressões sobre Lemos Torres – por um ex-aluno



     Em 11 de fevereiro de 1962, o jornal “O Estado de São Paulo” publicou o artigo de autoria do Dr. Paulo de Almeida Toledo, intitulado “Lemos Torres”. Nele, o Dr. Toledo escreve a respeito da época em que, quando estudante de medicina, conheceu Lemos Torres na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo:

     “Em 1930, ao entrar no quarto ano do curso médico, comecei a frequentar a enfermaria do prof. Rubião Meira, onde iniciei o meu preparo propedêutico sob a orientação de Jairo Ramos. Fiquei então conhecendo Lemos Torres”.
     “Era uma figura curiosa, que intrigava, atraia e intimidava um pouco. De estatura mediana, robusto corpo, andava então pelos 45 anos. Gostava de exercícios fortes, de equitação e ar livre e, sobretudo, do sol. O andar elástico, a mandíbula bem marcada, a cabeça alta, o olhar penetrante e direto dos olhos claros, davam-lhe um aspecto de força viril e de inconfundível personalidade. Nunca o vi de avental. Sempre muito bem vestido, rigorosamente escanhoado, de cabelos ruivos e crespos aparados rente, com um bigode estreito e horizontal que apenas atenuava a linha firme da boca, tinha o hábito, enquanto raciocinava ou falava, de agitar, rodando-a em torno do indicador da mão direita, a corrente de ouro das chaves. Só a deixava para escutar ou percutir os doentes. Porque então se esquecia de tudo o mais. Exigia rigoroso silêncio e atenção, pois a propedêutica era para ele como um ato religioso”.
     “A percussão, a palpação ou a ausculta ela as fazia com um ritual rigoroso em que os gestos eram os necessários e apenas os imprescindíveis para que na mais apurada técnica o exame físico fosse feito”.
     “A palpação das vísceras abdominais pela técnica de Haussmann, a inspeção torácica, a ausculta dos pulmões ou do coração sucediam-se com minúcia e ordem. Não eram admitidos saltos ou omissões e mais de uma vez o ouvi mencionar sua norma preferida de conduta médica: examinar o doente “comme une bette”. Bem entendido, sem ‘parti pris’, sem opinião pré-concebida, sem se deixar arrastar por impressões de primeira vista, sem procurar adivinhar diagnósticos, sem busca de efeitos teatrais, friamente, ponto por ponto. Só depois de completo o exame, pesados os dados positivos e indiscutíveis, deveria surgir o diagnóstico. Não como criação de um tino clínico divinatório, que negava, mas como resultante fatal de premissas rigorosamente estabelecidas”.
     “Hoje, que isto é corrente e que o raciocínio médico se enquadra em rigorosa sequência lógica, em que os alicerces são a química biológica e a fisiopatologia em bases matemáticas, nada encontramos de estranho nessa orientação”.
     “Naquela época, porém, a clínica em São Paulo guardava ainda restos da tendência estilística e um pouco fantasista que caracterizou a medicina dos princípios deste século no Brasil. Saíamos de uma época em que a cultura literária exercia forte influência na formação de todas as profissões de cunho intelectual e na qual vigorava ainda como reflexo da medicina francesa a formação predominantemente humanística dos nossos maiores espíritos médicos”.    
     “Lemos Torres, porém, pelo feitio natural de seu espírito avesso à literatura e à fantasia, devotando à matemática, à física e à propedêutica o culto que consagrava a todos os conhecimentos objetivos, representou no campo da cínica a maior e mais duradoura força de reação contra essas tendências ‘poéticas’. Trazendo dos métodos analíticos e de rígida disciplina de Rocha Faria, afeição positiva de seus conhecimentos, veio depois de um período de policlínica em Avaré instalar-se em São Paulo, onde, seguindo o caminho rigoroso que se traçara, entrou como assistente voluntário para o Laboratório de Anatomia do prof. Bovero. Essa orientação correspondia ao que veio depois a preconizar no ensino da propedêutica. Aprender as bases com exatidão e minúcia para aplicá-las posteriormente no exercício de uma propedêutica metódica, rigorosa e imparcial. Entrando para o ensino médico como 1º assistente da Clínica do Prof. Rubião Meira, começou desde logo  a por em prática esses processos, com essa orientação. E, dessa modesta posição de assistente, iniciou a mais fecunda ação modeladora sobre o pensamento médico em São Paulo e indiretamente no Brasil. Os discípulos, fervorosos, apaixonados, quase fanáticos, iconoclastas e irreverentes mesmo, não tolerando outras escolas ou outros mestres, surgiram logo. Cássio Vilaça, Jairo Ramos, Alípio Corrêa Netto, Barbosa Corrêa e muitos outros, que se orientaram depois não só para a clínica como para todas as especialidades, porque esses princípios são válidos e eficientes em todos os campos, foram homens que, formados e amadurecidos nessa orientação, fizeram por sua vez discípulos sem conta que se espalharam por todo o Brasil”.
     “No ensino da propedêutica torácica e na orientação científica do diagnóstico e tratamento das afecções cardíacas e pulmonares é que sua ação foi sempre mais evidente”.
     “Foi para os Estados Unidos, de onde trouxe para São Paulo as noções fundamentais de eletrocardiografia. Estou ainda a vê-lo de monóculo encravado no olho arguto, analisando aqueles primeiros traçados elétricos que eram para mim um mistério. Parece-me ainda vê-lo, também, na 5ª Medicina de Homens da Santa Casa, fazendo a propedêutica dos pequenos sinais pulmonares nos pobres tuberculosos que ali se amontoam, à espera da morte. Desse interesse nasceu o Hospital São Luís Gonzaga em Jaçanã, do qual Lemos Torres foi o primeiro diretor. Só esses dois aspectos são suficientes para consagrá-lo como um dos grandes vultos da Medicina Paulista. Sua ação no último decênio da vida, dos 48 aos 58 anos, quando morreu, como acredito que fosse seu desejo morrer, bruscamente, sem decadência, em pleno vigor físico e mental, está vinculado à criação, instalação e direção de uma grande Escola Médica, a Escola Paulista de Medicina, onde foi, enquanto vivo, uma figura de incontestável autoridade e prestígio, e onde o seu espírito é reverenciado ainda, como o de Arnaldo na Faculdade de Medicina que fundou”.
     “Sua ação foi predominantemente a ação direta da presença e de magnetismo pessoal. Sua grande força residia na firmeza e convicção de uma atitude positiva. Ninguém como ele escolhia e moldava vocações. O próprio rigor e aspereza do seu ensino já selecionava valores”.
     “Assim conseguiu quase que automaticamente agrupar em torno de sua figura original um punhado de discípulos, com os quais às vezes discutia em termos ásperos, mas para os quais “o Lemos” era algo de magnético e sobrenatural. Sob essa inspiração, valiosas teses de propedêutica se escreveram. Propedêutica dos derrames pleurais, de Jairo Ramos, propedêutica radiológica das dores lombares, de Cássio Villaça, são algumas entre muitas que revelam essa formação”.
     “Pouca coisa deixou escrita. Em relação à sua ação, poder-se-ia aplicar o preceito latino às avessas: ‘os escritos desaparecem, as palavras ficam’, porque as palavras no seu caso eram poucas e sucintas e apenas resumiam uma atitude nova, que perdurou. De tudo o que criou, o que mais ao vivo retrata a sua personalidade é o sinal que traz o seu nome – o abaulamento expiratório dos últimos espaços intercostais, como sinal de pequenos derrames pleurais – porque: para observá-lo era necessário colocar o doente em posição correta, numa determinada incidência de luz; era preciso colocar-se o médico em posição exata, buscando a incidência favorável dos raios luminosos com a atenção presa à parede torácica do paciente; era um sinal propedêutico puro qu significava apenas pequena coleção líquida dos seios costofrênicos, independentemente de sua significação clínica; resumiu-o em um pequeno trabalho escrito em poucas páginas”.
     “Sobre esse sinal muito se escreveu, muito se discutiu e muito se divagou. Sobre ele desenvolveu-se uma tese de doutoramento e em torno dele se agruparam os discípulos da propedêutica rigorosa e contra ele investiram os remanescentes dos velhos métodos, que punham um pouco em ridículo a obsessão semiótica minuciosa dos pequenos sinais”.
     “Passaram essas divergências e a medicina paulista entrou decisivamente na era científica para a qual já estava madura”.
     “Outras tendências, na mesma linha positiva, surgiram e, hoje, a bioquímica e a radiologia comandam a orientação clínica”.
     “Mas a figura de Lemos Torres permanecerá sempre na lembrança de seus discípulos e dos discípulos de seus discípulos, como a de um homem de personalidade invulgar, que na trajetória que se impôs, não conhecia obstáculos. Por isso, como é natural, teve desafetos, pois a certeza de suas afirmações irritava um pouco pela petulância e também pela arrogância das atitudes decorrentes”.  
     “Mas o número dos que o acompanharam foi imensamente maior, o valor de sua ação disciplinadora se irradiou largamente e Lemos Torres continua hoje tão vivo como nos tempos em que na 2ª Medicina de Homens, com um joelho sobre a cama dos doentes, girando a sua corrente de ouro e de monóculo encravado no olho, observava, rodeado pelos seus alunos, o abaulamento expiratório dos espaços intercostais, em busca de pequenos derrames da pleura”. 

sábado, 22 de outubro de 2016

Biografia de Lemos Torres


      Álvaro de Lemos Torres nasceu em 15 de abril de 1884 na cidade do Rio de Janeiro. Era filho de João Pereira de Lemos Torres e de Ermelinda Lousada Torres. Fez o Curso de Humanidades no Colégio Pedro II, então chamado Ginásio Nacional, onde se bacharelou em Ciências e Letras em 1902. A partir de concessão legal, em março de 1903 fez exame para uma vaga no segundo ano do Curso de Medicina da Faculdade do Rio de Janeiro, tendo sido aprovado. Assim, foi possível terminar seu curso em 1907[1].
     Como estudante, entre 1904 e 1907, foi interno de Clínica Médica do professor Rocha Faria.
     De 1908 a 1913 trabalhou em Avaré, no interior do Estado de São Paulo, onde foi Diretor Clínico da Santa Casa, prestando serviços nesse estabelecimento sem qualquer remuneração. Ainda em 1908 foi nomeado médico da Estrada de Ferro Sorocabana, da qual se demitiu em 13 de fevereiro de 1916.
     Em 1912, grassava em certas regiões do Estado de São Paulo uma forma epidêmica paravariólica identificada por Emílio Ribas como sendo uma forma de “alastrim” ou “milk pox”.  Torres foi indicado para debelar essa doença em Avaré. Dessa ação, resultou sua indicação por Emílio Ribas para dirigir o Posto da Comissão de Tracoma em Descalvado. No entanto, declinou desse convite[2].
     Em 1913, ao se apresentar ao Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, dizendo que queria fazer parte do corpo docente da Faculdade, ouviu do prof. Arnaldo: “Entre para um laboratório, trabalhe e mostre do que o senhor é capaz”[3]. Assim, entrou como assistente voluntário no Laboratório de Anatomia do Prof. Alfonso Bovero.
     Em 1914 também fez o serviço de preparador voluntário do setor de Parasitologia da Faculdade de Medicina de S. P.
     Em 18 de maio de 1914 substituiu interinamente o Dr. Dorival Camargo Penteado, assistente do Butantã. Nessa ocasião foi encarregado da Sorologia Anti-ofídica e da classificação das peças do Museu relativas à Parasitologia.
     Em 1915 foi também preparador voluntário do setor de Histologia da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.
     Em 1916 entrou para o ensino médico como primeiro assistente do prof. Rubião Meira (Primeira Cadeira de Clínica Médica da Faculdade de Medicina), na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Mais tarde, chefiou a Segunda Enfermaria de Medicina, onde exerceu a investigação e o ensino de maneira mais plena.
     Na gripe de 1918 dirigiu o hospital do Mackenzie College, criado e mantido pela União dos Pastores Evangélicos de S. Paulo, tendo como auxiliares os médicos da Comissão Rockfeller, professor Darling, Dr. Hydriche e Dr. W. Smillie. Sua ação, nessa ocasião, foi bastante elogiada pelo Dr. Artur Neiva, Diretor do Serviço Sanitário da Capital[4].
     Em 9 de fevereiro de 1919, por proposta do Diretor Clinico da Santa Casa de Misericórdia de S. Paulo, Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, foi nomeado Chefe da Quinta Enfermaria de Homens e Mulheres desse estabelecimento.
     De 1919 a 1921 esteve nos Estados Unidos com uma bolsa da Fundação Rockfeller de onde trouxe os fundamentos de eletrocardiografia.
     Em 1932, o Dr. Sinésio Rangel Pestana, então Diretor dos Hospitais da Santa Casa de S. Paulo, nomeou Lemos Torres para a Diretoria do Hospital São Luís Gonzaga, em Jaçanã.
     Lemos Torres criou o primeiro serviço de atendimento pré-natal em São Paulo, a pedido do Dr. Silvio Maia, diretor da Maternidade de S. Paulo e professor de Clínica Obstétrica. Torres atendeu a mesma solicitação feita pelo professor Raul Briquet na Faculdade de Medicina, quando este substituiu o Dr. Silvio Maia[5].
     Em 1933 participou da fundação da Escola Paulista de Medicina, cujo primeiro diretor foi o Dr. Octavio de Carvalho (que foi sucedido por Lemos Torres).
     Em 1934 foi eleito para o cargo de Presidente da Seção de Tisiologia da Associação Paulista de Medicina. Em 1936, por decreto do Presidente da República, foi nomeado como representante oficial do Brasil nos Congressos de Medicina Esportiva de Berlim e de Moléstias Internas de Wissbaden.
     Em 1938 assumiu a Diretoria da Escola Paulista de Medicina, função que exercia quando de sua morte em 18 de janeiro de 1942. O professor Lemos Torres fazia uma cavalgada pela Sociedade Hípica, na companhia do embaixador José Carlos de Macedo Soares, quando o cavalo tropeçou subitamente, levando o professor ao solo. Desta queda veio a falecer.  
    Era pessoa carismática que atraiu muitos discípulos e seguidores tanto na Faculdade de Medicina de S. Paulo como na Escola Paulista de Medicina, onde se tornou figura emblemática e fundamental para essa instituição tal como foi Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho para a Faculdade.
     Conforme texto do Prof. Dr. José Inácio Lobo, escrito para o livro comemorativo dos quarenta anos de fundação da Escola Paulista de Medicina[6]:
     “Lemos Torres foi um espírito eminentemente objetivo, que, no julgamento dos fatos, não se deixava dominar por preconceitos ou por motivos emocionais. Refutava as afirmações que entendia errôneas com a mesma sinceridade e com a mesma firmeza com que aceitava as objeções que lhe pareciam justas. O rigor da crítica por vezes desagradava o contendor, mas, a absoluta probidade mental com que exercia lhe grangeou o respeito e admiração dos seus discípulos e colegas”.
      Ainda conforme o Prof. Lobo, Lemos Torres “sempre deu extraordinária importância ao exame físico meticuloso do paciente, seguido de uma análise imparcial e ordenada dos dados colhidos”. Por isso, segundo o professor, ele também sempre se rebelou contra o conceito de “intuição clínica”, que dispensaria o ato de examinar bem o paciente e que ele considerava “uma espécie de impressionismo”.
     Ele também criticava o conceito de “entidade nosográfica”, como se a doença tivesse uma existência por si própria. Para ele o importante era considerar “o doente, sujeito a inúmeras e variadas influências e o diagnóstico será assim apenas a denominação a dar ao resultado dum exame concreto, muito embora não se ajuste exatamente a modelos pré-estabelecidos”.
     Assim, “ele infundia essas ideias em seus discípulos, além de estimular o espírito de crítica, o hábito da análise e o cumprimento dos deveres”.
     No Hospital de Tuberculose do Jaçanã, onde foi o primeiro Diretor, estabeleceu “um sistema de reuniões regulares para discussão de casos clínicos, avaliação dos dados evolutivos e estudo da literatura especializada”. Desse modo, “tornou-se o Hospital do Jaçanã uma verdadeira escola de Tisiologia em São Paulo”.
     “Esteve várias vezes nos Estados Unidos, inclusive como bolsista da Fundação Rockfeller, e mais tarde, na Europa, estagiando nos principais serviços de Cardiologia e Clínica Médica. Dentre os grandes nomes da medicina estrangeira com que efetivamente estudou e trabalhou há de citar-se os de White, Levine e Wilson nos Estados Unidos, o de Lewis na Inglaterra, e mais tarde, o de Volhard e Becker na Alemanha”.
     “Sem contar numerosos estudos pessoais sobre os assuntos de sua preferência, há que assinalar a descoberta que fez dum novo sinal de derrame pleural, que recebeu a designação de sinal de Lemos Torres”.
     “A sua objetividade, o seu rigor no julgamento não o impediam de ser, como de fato foi, um verdadeiro esteta, pois além de apreciador das artes, se dedicava à escultura, com resultados plásticos de invejável requinte”.  
     No dizer do Prof. Lobo, Lemos Torres foi o primeiro médico especializado em Cardiologia em nosso meio.  
     Com a criação da Escola Paulista de Medicina foi unanimemente escolhido para reger a Cadeira de Clínica Médica. Foi Diretor da mesma Escola de 1938 até sua morte em 1942.


[1] Arquivos do jornal “O Estado de São Paulo”: edição de 19 de janeiro de 1942.
[2] Idem.
[3] Silva, M. R. B. – Estratégias da Ciência: a História da Escola Paulista de Medicina (1933-1956). EDUSF, 2003.
[4] Arquivos do jornal “O Estado de São Paulo”: edição de 20 de fevereiro de 1942.  
[5][5] Idem.
[6] Lobo, J. I. in “A Escola Paulista de Medicina – dados comemorativos de seu 40º aniversário (1933-1973) e anotações recentes.” José Ribeiro do Valle. Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1977, pgs. 20-23.